terça-feira, 15 de novembro de 2011

Casa D. Macário - Um sonho que deu certo

Assistindo aos noticiários sobre a violência crescente em nossa cidade, sempre me reporto a uma instituição onde trabalhei: Fundação Lar de São Bento – Casa D. Macário – Vila Maria - SP

Foi ali que lecionei de 1985 a 1988.
1º de abril de 1985 – Dia do meu registro na Carteira Profissional.

Uma instituição beneficente, mantida por ex-alunos do Colégio São Bento, que abrigava em regime de semi-internato, meninos do grupo “de risco”, que necessitavam de assistência e acompanhamento. Vinham da favela do Parque Novo Mundo, mais precisamente da “Funerária”, a ala mais miserável da favela.

Na casa, os meninos recebiam alimentação, instrução, assistência médica, odontológica, psico-social e formação profissionalizante, freqüentando o lar no período das 7 às 19 h de segunda a sexta-feira.

O diretor, desde a fundação era Dom Afonso Niessl O.S.B. – monge beneditino, alemão, cego, que com pulso forte e muito amor conduzia a instituição, selecionava pessoalmente os funcionários e conhecia a história de vida de cada menino. Era a alma daquela comunidade.

Além das dependências administrativas e das salas de aula, a Casa dispunha de quadras de esporte, vestiários, refeitório, cozinha industrial equipada e uma oficina com 50 tornos e diversos materiais para o desempenho das atividades profissionalizantes – tornearia mecânica e eletricidade. Os meninos saíam da Casa, após a 8ª série do 1º grau, aptos para prosseguir os estudos e exercer como “meio oficial” suas profissões.

De modo geral rebeldes e inconformados com os desmandos a que eram submetidos em seus lares, encontravam ali um ponto de referência para uma vida nova e diferente. Atenção, carinho, disciplina, orientação e cuidados faziam com que gostassem dali e colaborassem para o bom funcionamento da Casa. Participavam da organização, limpeza e atuavam como ajudantes de cozinha e no refeitório.

A condição para o menino ter direito a permanecer ali era estudar, interessar-se pelas aulas práticas, manter a média escolar, ser assíduo. Ao ingressar um familiar adulto assinava um termo de responsabilidade, garantindo que no período que estivesse fora da Casa, o menor seria assistido. As famílias também recebiam assistência e orientação.

Hoje, fiquei feliz, pois ao buscar uma foto para ilustrar este relato fiquei sabendo que o sonho de Dom Macário, perpetuado por Dom Afonso continua espalhando o bem naquela região.

Confira: www.casadommacario.org.br

11 comentários:

  1. Quanto aprendizado com certeza vc adquiriu nesse seu trabalho.
    Que bom que o sonho de Dom Macário,perpetuado por Dom Afonso continua abraçando a causa maior e espalhando a esperança acima de tudo.
    abraço

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  2. Olá, Marcia! Muito aprendizado mesmo! Aos poucos postarei mais experiências vividas naquela casa e na comunidade. Abraço.

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  3. MARIVALDO.

    Fico feliz por saber desse relato, fico mais ainda por ter feito parte dessa história, nesse mesmo período.
    Foi uma das fases mais importantes da minha vida.

    Abraço.

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  4. gosto de ler sobre casa dom macario, pois fiz parte dessa historia eu estudei do ano 77 a 80, nessa epoca o proprio dom afonso celebrava a missas. não terminei o ginasio na dom macario mas seguir a profissão de torneiro mecanico e me ajudou muito . hoje sou caminhoneiro autonomo ,tenho minha familia, pago facudade para minha filha. eu so tenho que agradeçer a deus e dom afonso que deus o tenha, e alguns professores da epoca yraides matematica.leopoldo tec .mecanico ,rosita portugues ,irmã vilma, e outros que não me lembro ,mas so tenho que agradeçer por ser o que eu sou hoje

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  5. Meu nome Kleber Amorim.. fiz parte dessa época.minha sala foi a primeira a agregar mulheres .antes eram só homens..entreguei muita marmita para dom Afonso no colégio São Bento.. tenho muita saudades.tia Cida.edson.edinho e muitos outros..saudades mil ..se tiver alguém daquela época.. meu zap.984418341..

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  6. Pude vê-lo rezando a missa decor. Emocionante ver que mesmo cego rezava a missa pois sabia decor todo o rito liturgico. Trabalhei com ele e todos os dias ele mandava pegar a agenda para parabenizar os aniversariantes e meu papel era de mero conferente, pois ele sabia dezenas de aniversariantes e seus respectivos telefones todos os dias!

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  7. Conheci Dom Afonso pois meu pai Alcides Sionti trabalhou por 30 anos lá na manutenção e eu também tive oportunidade de trabalhar por 10 anos também como educadora social de 1992 até 2002, claro que já era outros tempos e já tinha muitas mudanças.Tenho muitas lembranças de Dom Afonso ele me parecia ser muito sereno mas uma figura forte pois sei o quanto trabalhou para manter a Casa com doações que recebiam.

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    1. Fui aluno no de 1994... Meu tio me levava de carro,pois eu morava muito longe...Lauzane Paulista...se não me engano o nome do diretor era Laércio!..tenho muita saudades desta escola e dessa epoca!😢

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  8. Boa noite! Estudei nesta instituição na década de 80. Me recordo dos professores. Rosita uma excelente professora, sempre corrigindo todas as palavras que os alunos falavam errado. Apesar dos alunos serem pobres. O respeito de todos pelos professores era algo muito forte. Não continuei na profissão apesar gostar muito de mecânica. Fui para área financeira e hoje trabalho com sistema da informação. Tenho muita gratidão por ter tido a oportunidade de fazer parte deste aprendizado. Lembro também do professor de educação física Walter. Professora de história e geografia Neide. Professora de Matemática Yraides, com uma personalidade muito forte muito bonita, sempre muito bem arrumada, sempre reclamava que a nossa sala estava fedendo. De fato, estava mesmo. Sala de somente meninos pobres e com poucos recursos. Gostava muito da oficina mecânica, tudo limpo e organizado. Lembro do professor Ruy de mecânica . Agradeço todo aprendizado e gratidão por fazer parte desta história. Meu contato e 11 957383566 Matuzalem Maia Munhoz.

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    1. Sou Danilo e estive neste mesmo período na Casa Dom Macário... que lembrança ótima... todos os professores ... Professor Leopoldo... queria me matar com os traços imperfeitos.
      E uma vontade gigante de reencontrar os 50tenarios desta excelente fase de nossas vidas

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  9. Bom dia, estudei na decada de 1977 a 1980 ,morava na favela da marconi q nem existe mais. Lembro quando o Dom Afonso celebrava as missas como se fosse hj,lembro q do sr Rubens de alguns professores walter,Ruy,Neide,yraides,Rosita.lembro tbm de alguns alunos,eu lembro na época das festas juninas onde tinha correio elegante, onde mandava os recadinhos nosso pra meninas e vice versa. Agradeço muito a Casa Dom Macario por ser hj oq sou.sou aposentado a 3 anos, sou tenente da PM com muito orgulho,se alguém da época se quiser fazer contato comigo, meu celular é (11)947382973 Geraldo Magela Luiz Ferreira

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