quarta-feira, 11 de julho de 2012

A morte de D. Eugenio levou-me a lembrar de D. Paulo

De 1971 a 1985, moramos em Mogi das Cruzes.

De tempos em tempos, vínhamos a São Paulo, para passar o fim de semana com meus pais. Nessas ocasiões meus filhos se esbaldavam no quintal e não davam folga ao avô, que lhes dava uma canseira no futebol. Era uma festa! Festa que na tarde do sábado, 2 de agosto de 1975, foi interrompida por minha avó:

- “Estava ouvindo o rádio e acho que aconteceu alguma coisa com um padre conhecido de vocês”.

Ligamos o rádio e logo ouvimos a notícia da morte de D. Paulo Rolim Loureiro e de seu  motorista, num acidente de automóvel, no Largo Ana Rosa,  no cruzamento das Avenidas Rodrigues Alves com Domingos de Morais. Foi uma correria, meu marido, diácono permanente da Igreja, ordenado em Mogi por D Paulo, era a pessoa mais próxima do bispo que se encontrava aqui em São Paulo. Assim, seguiu imediatamente para o IML, onde acompanhou a necropsia e os procedimentos para liberação dos corpos e seguiu com eles para Mogi.

No domingo veio buscar-nos e naquela semana, após uma comovente celebração de corpo presente, com os esquifes do bispo e de seu motorista lado a lado na nave central da catedral de Mogi, lotada até do lado de fora, sepultamos nosso querido pastor, no interior da igreja, do lado esquerdo da porta principal.

Dom Paulo Rolim Loureiro foi o primeiro bispo da Diocese de Mogi das Cruzes. Eu o conheci em 1972, no Clube de Campo, no coquetel comemorativo dos 10 anos da criação da Diocese de Mogi das Cruzes. Atuava antes, como bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, onde, entre outras atividades, em 12/10/1955 assinou o decreto de criação da Diocese de Santo Amaro e em 1957, abençoou a pedra fundamental da igreja de Nossa Senhora da Penha.

Aristocrático, formal, da ala conservadora da Igreja, era, no dia a dia, simpático, interessante, afável e bem humorado. Mas formal. Freqüentava nossa casa e dessas visitas, ficou marcado um almoço de domingo. Após uma breve oração, iniciamos o almoço, logo interrompido por minha filha Cristina,   muito pequena, dizendo que queria fazer “Tchi... Tchi...”.

Entendemos “xixi” e meu marido toma-a pela mão para levá-la ao banheiro. Ela empaca contrariada e grita: “No copo, pai!”. Então entendemos: ela queria brindar, como fazíamos sempre, nas reuniões familiares. Dom Paulo deu uma bela risada, sentamo-nos e brindamos o ilustre visitante, que daquele dia em diante, toda vez que nos encontrava, perguntava pela menininha que queria fazer xixi no copo.

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