terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ano Novo e o melhor pudim que já provei


Meus sogros: Marcílio (que não conheci, era já falecido) e Djanira
Os filhos Euclides, Alcina, Oscar, Aparecido, Sebastião, José (meu esposo) e Teresa  (a pequena de fita no cabelo)

Casamos em junho de 1965 e a partir de então cada um passou a ter duas famílias para compartilhar as festas. Assim, a partir de então, passávamos o Natal na casa dos meus pais, em São Paulo, e o Ano Novo na casa da minha sogra, dona Djanira, em Americana, tradição que se estendeu até seu falecimento.

Nos nossos primeiros réveillons por lá, minha cunhada mais nova era solteira e se encarregava das guloseimas da festa, enquanto minha sogra fazia os assados. As duas cozinhavam muito bem.

À meia noite, depois dos fogos, dos abraços e do champanhe, a família reunida ao redor da mesa saboreava todas aquelas delícias e eu não via a hora da sobremesa, para comer aquele maravilhoso pudim de leite condensado, todo furadinho, com calda e ameixas pretas em profusão que a Teresa fazia. Nunca consegui fazer um pudim igual àquele.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Uma doce lembrança...

"Todo final de ano publico este texto, é quase uma necessidade de fixar aquele momento, de não deixá-lo se perder no labirinto da memória."

ANO VELHO, ANO NOVO ...

Quando eu era criança, a chegada do Ano Novo tinha um significado todo especial e místico para mim.

Lembro-me que no dia trinta e um de dezembro, logo ao levantar-me, minha mãe já falava que naquela noite veríamos o Ano Novo chegar e eu ficava o dia inteiro esperando ansiosamente pelo escurecer. E como demorava a chegar aquela noite!

À tardinha, íamos para casa de meus avós, na Rua Arapanés quase esquina com Macuco, em Moema, pois era lá que esperávamos o “Reveillon”.

Não se fazia festa. Reuníamo-nos na sala de jantar, comendo  petiscos e bebendo sucos e vinho. A conversa prolongava-se animada até à meia-noite.

Nessa hora, íamos todos para o portão. Meu pai colocava-me sentada sobre o pilar de sustentação do muro, e eu, curiosa, fixava meu olhar no breu da rua, a espera do momento em que o Ano Velho apareceria lá no topo da ladeira, carregando nas costas o Ano Novo, pois como diziam meus pais, ele era ainda muito novo e não sabia andar.

Quando os fogos começavam a pipocar nas alturas, lá vinham eles: um homem de meia idade, longas barbas grisalhas, carregando nos ombros um jovem, que animado agitava-se admirando os fogos.  

Na escuridão da noite, iluminada somente pelo eventual brilho dos fogos de artifício, o som dos apitos das fábricas e das pancadas das barras de ferro contra os postes, aquela imagem  tornava-se mágica.

Ao passar pelos raros portões, onde as famílias reunidas comemoravam a seu modo o momento, o Ano Novo e o Ano Velho acenavam cordialmente as mãos num cumprimento silencioso. Nesse momento, meu coração disparava. Aquele era o ápice da festa:  o Ano Velho se despedindo e apresentando-nos o  Ano Novo que chegava.

E eles nos saudavam! Éramos personagens atuantes daquele rito místico de passagem de ano! E eu, na inocência dos meus primeiros anos de vida, timidamente levantava um pouco o braço e temerosa diante da grandeza daquele mistério acenava levemente a mão, trêmula de emoção.

Em dezembro de 1949, mudamos de bairro. Nunca mais vi o Ano Velho e o Ano Novo. Anos mais tarde, diferentemente de mim, que guardava aquela imagem inexplicável, em minha memória, meus pais já haviam se esquecido do fato, quando em um final de ano, na hora dos fogos, perguntei-lhes do que se tratava essa lembrança difusa que povoava minha mente nessa data.

Aí então, pude entender que o Ano Velho era um senhor de meia idade que, na noite da passagem do ano, colocava sobre os ombros o irmão mais novo - o Ano Novo - um jovem paraplégico, ambos sapateiros do bairro, e saíam pelas ruas de Moema, para que ele pudesse participar das festividades daquela noite especial e assistir à queima de fogos.

Ainda hoje me pergunto de onde será que meus pais tiraram a idéia de me fazer acreditar naquela fantasia de fim de ano. Uma coisa porém é certa: todos os anos, ao se aproximar a meia noite do dia  trinta  e  um  de  dezembro, esteja  eu onde estiver, lembro-me do vulto simbiótico emoldurado pela luz dos fogos, sinto saudades da minha  inocência e me emociono com a certeza de ser eu a única pessoa no mundo a ter o privilégio da lembrança dessa fantasia particular.   

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal de novo



Mais um Natal se aproxima e me vejo cercada de um lado pelas maravilhas de preparar o nascimento do Menino nas celebrações litúrgicas, que nesta época do ano são muito fortes e cheias de emoção e de outro, pelos apelos consumistas dos comerciais de TV que fazem da grande festa um momento de comprar, comprar, criando expectativas frustradas nas crianças menos favorecidas e tristeza em seus responsáveis, porque é humanamente impossível atender aos desejos suscitados pela propaganda e seria uma insanidade satisfazê-los.

É Natal. Embora minhas memórias dos natais vividos na infância com meus pais e irmãs e com minha própria família, marido e filhos, sejam todas boas, alegres, festivas, hoje, pelos atropelos da vida, sinto-me deslocada nesta época. Alegro-me com as pessoas que me cercam, mas não faço parte do lufa-lufa do cotidiano. Não faço compras, não preparo mesas recheadas de iguarias supérfluas para mim. Ofereço como nos outros 364 dias do ano minha presença àqueles que delas necessitarem, preparo um prato especial para alguém especial, colaboro mais efetivamente com alguma ação em prol de crianças em situação especial, procuro estar perto dos que amo, embora nunca seja possível reunir todos. 

Não faço desta ocasião aquele momento depressivo por causa dos que já se foram. Não. Esses estão comigo todos os dias, com suas lembranças, sua falta, os fatos que marcaram suas presenças, os momentos alegres e os tristes, como é a vida. O que muda é o foco das recordações.

Agradeço a Deus por ter me dado pais que, apesar de sua condição humilde, nos proporcionaram natais maravilhosos, com a fantasia do Papai Noel, que nunca deixou de comparecer na noite santa e colocar presentes sob nossa árvore de cipreste, colhida pelo nosso pai e enfeitada com capricho pela nossa mãe. E é de cipreste, para mim, o cheiro do Natal.

Agradeço também por ter seguido esse exemplo e feito o mesmo, junto com meu marido, pelos meus filhos. E essa é a lembrança que levo esses dias: as crianças, pela manhã, ansiosas abrindo os presentes que o Papai Noel deixou.

domingo, 7 de dezembro de 2014

De repente, juntas novamente!



Naquele dia 19 de dezembro de 1964 encerrou-se um ciclo em minha vida e uma nova etapa começou. Recebia o diploma de professora normalista, fato que coroava o meu sonho de criança – ser professora. Acabava ali, minha vida de estudante (pelo menos era o que eu achava) e começava a vida como ela é, a busca por um lugar ao sol para lecionar, o que não era fácil, para uma recém formada.

Como não participei do passeio de encerramento de curso, nem do baile de formatura, naquele dia foi a última vez que estive com a maioria absoluta de colegas de classe. Vi uma ou outra logo depois da formatura e, como estive fora por longo tempo, perdi o contato com todas.

Ao participar da rede social pela internet, tive a grata surpresa de encontrar algumas e, especialmente a alegria de saber que como eu, elas também gostariam de se reencontrar por ocasião do aniversário de 50 anos de nossa formatura. 

Local, data e hora escolhidos, começamos a busca pelas colegas sumidas e no dia 6 de dezembro, conseguimos reunir algumas, para um  agradável encontro, com direito a almoço, onde nos “reconhecemos” e descobrimos um pouco das vidas umas das outras, numa partilha festiva e barulhenta que se estendeu tarde a dentro, esquecidas das horas e dos compromissos.

Abraços, risos, lágrimas, muita emoção,  vontade de repetir a dose, o que certamente faremos no início do novo ano e quem sabe, com a presença de outras mais.

Obrigada a todas pelo carinho.