sexta-feira, 22 de julho de 2016

PERU – Compilado de Viagem IX - Cusco

Cusco, do quéchua QOSQO = umbigo, centro de tudo



16 de junho de 2016 - Chego a Cusco com o por do sol. Trânsito caótico. A van dá voltas e mais voltas para deixar as pessoas em seus respectivos hotéis.  Fico por último e atordoada com tantas voltas questiono o guia sobre a localização longínqua do meu hotel. “Não, ele é o mais próximo do centro. Por causa do trânsito e do horário de pico, você ficou por último”. Alívio.

Desembarcamos o guia e eu, numa esquina e seguimos por uma rua inca – um longo corredor escuro, de pedras, entre muralhas até o hotel: Taypicala.
À luz do sol a rua inca se revela com o peso da cultura milenar de Cusco: de um lado o muro original do templo Koricancho, pedras polidas como convém a um lugar sagrado, do outro a parede de pedras rústicas, inca também, mas que limita uma área não sagrada.



Para facilitar para o motorista, todos os dias descia até uma avenida no final do quarteirão do hotel e ali, enquanto aguardava meu veículo, me encantava com a quantidade de crianças se dirigindo às escolas das imediações.  Todas impecavelmente uniformizadas, coloridas com seus ponchos e lindas. Cusco se orgulha pela quantidade e qualidade de suas escolas. 





quarta-feira, 6 de julho de 2016

PERU – Compilado de Viagem VIII – Puno - Cusco


16 de junho - sétimo dia de viagem - 6h. Na rodoviária de Puno, despeço-me do cordial cão que cumprimenta a todos solicitando atenção e embarco rumo a Cusco, numa viagem de 365 km, na Rota do Sol, onde faremos paradas estratégicas para conhecer diversas paragens e almoçar. É um ônibus de turismo, com guia, comissária e serviço de bordo.


Como passei muito mal na noite anterior e a falta de ar persistia, pedi ajuda e logo me serviram chá de coca e em pouco tempo me sentia bem melhor, para dar adeus à paisagem ferruginosa de Puno e começar a avistar o vale do Rio Orubambo.




Primeira parada: Pukara – Altitude: 3.575m

Visitamos o Museu Lítico, depositário de diversas esculturas em blocos únicos do período pre inca e onde não é permitido fotografar em seu interior.  Ali sobressai à paisagem a majestosa construção da igreja de Santa Izabel de um lado vestígios de terraças incas de outro.











Segunda Parada: La Raya - Altura: 4.335m

Uma parada estratégica para admirar a montanha mais alta do Peru e uma parte da Cordilheira dos Andes com seus cumes cobertos de neve. E, como em todo ponto turístico o comércio do artesanato local aí também se faz presente.




Dali fomos para o local do almoço, o acolhedor restaurante La Pascana, em Sicuani, à margem da rodovia, que além de boa comida conta com um entorno pitoresco, com plantações, capela, cachoeira e animais da região. 




Terceira Parada: Parque Arqueológico de Raqchi

Logo na entrada do parque, a bela visão da igreja de San Pedro de Cacha, do tempo colonial. No sítio arqueológico as ruínas de uma cidadela inca ao redor do templo com 12m de altura e 90m de comprimento, com duas fileiras de 11 colunas, dedicado ao deus Wiracocha, o criador de tudo o que existe.  

O complexo arqueológico fica a 3.460m de altitude e apesar da destruição com a invasão espanhola, restam muito de suas paredes  de adobe a base de pedras vulcânicas. As construções impressionam pela grandiosidade e organização.














Quarta parada: Andahuaylillas (repita se for capaz!)

Uma comunidade andina onde se localiza a Igreja de São Padro Apóstolo, considerada a Capela Sistina da América Latina. Um belíssimo exemplar do Barroco Andino, totalmente recoberto de pinturas, seu interior remete à obra de Michelangelo. Não é permitido foto em seu interior, mas ele pode ser visto em fotos que não lhe fazem jus, no google.



E com essa visão maravilhosa seguimos para nosso destino final do dia: Cusco.



sexta-feira, 1 de julho de 2016

PERU – Compilado de Viagem VII – Puno e as Islas Flotantes dos Uros no Lago Titicaca

Hora de deixar a Cidade Branca e seguir para Puno. Oito horas de ônibus, a maior parte do tempo nos altiplanos andinos,  desertos  entre cadeias de montanhas.  



Vista do alto, Puno é uma cidade cor de tijolo – natureza e construções se mesclam numa paisagem impressionista. Quem vive na cidade de São Paulo, imagine que  Puno é uma imensa Paraisópolis, construída em montanhas altas, com milhares de sobrados sem reboco. Ali, quem mantém a casa sem acabamento não paga imposto.  As ruas são de areia e cascalho e a poeira uma constante.  Está no meu roteiro porque fica às margens do Lago Titicaca, lado peruano,  e ali viverei uma das experiências mais surrealistas da minha vida: passar a tarde, numa ilha flutuante com um grupo Uro.





Os Uros são povo originário dos altiplanos andinos, misterioso e que, no isolamento das Islas Flotantes no lago, preserva seu modus vivendi, alheio à civilização, embora tenha nas ilhas, energia solar instalada pelo presidente Fugimori, escola de ensino fundamental  e posto médico que ninguém utiliza. 








Vivem da pesca e da venda de seus trabalhos artesanais. Em cada ilha vivem cinco ou seis famílias, que têm um representante e apenas este vai à terra firme para negociar e só ele interage com os turistas que visitam a ilha.

As ilhas são feitas de totora, planta que é a base de quase tudo para os Uros: chão, teto, paredes, combustível, matéria prima das embarcações, dos artesanatos, remédio. Não usam calçados e a pele é quase negra devido ao sol inclemente. Falam o idioma Aymara – língua nativa da Bolívia. 

















O lago Titicaca, com sua porção maior na Bolívia, é a maior porção de água doce no mundo a se encontrar em tal altitude: 3.827m. 




Na volta, navegando ao por do sol, sentia-me diferente após aquele contato com uma cultura nativa quase pura. Aprendi muito sobre seus usos e costumes e a mente fervilhava com tanta novidade. 



Já no hotel, o efeito da viagem longa e da altitude bateu forte. Além da falta de ar, sentia um tremor interno como se tudo estivesse sendo sacudido, olhava em volta e tudo estava parado. De repente, música e alí, abaixo da minha janela outro desfile. Agora, de crianças, como um carnaval.



Com o coração a mil por todos os motivos deitei,  mas não dormi quase nada. Na manhã seguinte bem cedo saímos rumo a Cusco.