terça-feira, 28 de junho de 2016

PERU – Compilado de Viagem VI – Arequipa: a Cidade Branca

Se fosse possível ficaria um ano em Nasca faria os caminhos de Maria Reiche. Sonhar é bom, mas tenho um roteiro a seguir. 

Começando por minha conta...







Depois do almoço, sigo para a rodoviária, onde às 3:15 pm, um ônibus de cruzeiro, como dizem por lá, me conduzirá a Arequipa, segunda cidade mais populosa do Peru – 4 milhões de habitantes. Não me informei qual seria a duração da viagem, nem onde ficava a cidade, como já disse, me entreguei totalmente nas mãos dos organizadores do passeio, apenas curti cada minuto. 

No ônibus, a maioria das pessoas dormiam cobertas com a manta dupla face fornecida pela empresa (um lado nylon, outro plush). Como estava dia preferi olhar a paisagem. No início seguíamos entre as montanhas e o mar, sendo possível avistar ambos, encantadores ao por do sol. Aos poucos começamos a subir, o  mar ficou para trás, contido por abruptos desfiladeiros.



Após o terceiro filme (não assisti a nenhum), breu absoluto lá fora, subíamos. Subíamos numa velocidade entre 20km e 40 km por hora (lá os ônibus têm indicador de velocidade  no interior, todos sabem a quantos andamos e quando o limite é ultrapassado passa o aviso: excesso de velocidade!),  a  imaginação trabalhando a cada curva fechada, visto os precipícios já vistos.

O serviço de bordo é servido e então me informo sobre a duração da viagem: 10 horas. Confesso que essa doeu! Tentei relaxar, mas foi difícil e, aos 45mim do novo dia desembarco em Arequipa, completamente tonta, bastava piscar e  tudo girava. Havíamos subido de 525km para 2335 km.

Uma guia aparentemente cansada, mas solícita  dá as boas vindas e me conduz de taxi ao hotel já no caminho falando sobre a cidade. Ao chegar, apesar do frio e do avançado da hora, toma de um mapa, me situa e assinala os pontos turísticos que recomendava para que eu visitasse na manhã livre que eu teria. Já passava da 1:30h, a recepcionista do hotel que cochilava quando chegamos, começa a apagar as luzes. OK! Buenas noches!

O dia amanheceu radiante. Saí logo cedo, mapa em punho, seguindo passo a passo as sugestões recebidas. Perfeito! Logo percebi que um chapéu se fazia necessário e me dirigi ao mercado municipal, distante, mas resolvi unir o útil ao agradável: comprar um chapéu a bom preço e conhecer o mercado. 

No caminho a melodia que meu pai cantava para eu dormir quando criança  me sacudiu.  Segui o som e encontrei o desfile de uma instituição de ensino público, que aniversariava e estava celebrando. Naquele cenário de casarões coloniais e igrejas de pedras brancas esculpidas, aquela banda completava o espetáculo, deleite para olhos, ouvidos e coração. Segui o desfile até a Praça de Armas. No Peru, a praça principal de cada cidade é assim denominada, embora não hajam armas.






Não sei bem quanto andei, visitei igrejas, museus, praças...











...a maravilhosa catedral reconstruída a cada terremoto...






...a casa de Vargas Llosa, agora museu...





...o Museu da Cultura Inca. Foram mais de quatro horas. Almoço, volto ao hotel para me preparar para o tour da tarde.

Deserto, Vulcões, terremotos  e muita história 



Às catorze horas seguimos diretamente para o ponto mais alto da cidade, de onde se avista o vale do rio Chili, responsável pela produção de frutas, verduras e legumes suficientes para abastecer a cidade e vizinhanças. Mas a visão que transcende é a dos vulcões Misti, Coropuna e Ampato, magníficos e responsáveis por terremotos. 





Degustamos frutas típicas e seguimos  para San Lázaro  - primeiro bairro de Arequipa, datado do século XVI.





Tentando confirmar um nome, descobri uma matéria breve e interessante sobre o bairro.

Mas a tarde mal começava...

O monastério de Santa Catalina – Sentindo-me na Idade Média...

Datado do século XVI, o Monastério de Santa Catalina das Carmelitas enclausuradas permaneceu fechado por mais de 400 anos. Verdadeiro museu da vida monástica seiscentista.  Uma cidadela organizada por ruas com nomes de cidades espanholas,  bem conservado, nos transporta no tempo. Confesso que me senti oprimida naquelas quase três horas que levamos para visitar todas as suas dependências. Oprimida e com alergia pelo forte odor de mofo, poeira e restos de madeira queimada das cozinhas das clausuras. Não quer dizer que não gostei, pelo contrário,  aquela viagem no tempo foi algo espetacular e terrível, senti-me numa aula de história sobre a Igreja na Idade Média. 






Pinturas de freiras de olhos fechados, pois só podiam ser representadas depois de mortas; clausuras absolutamente fechadas que só permitiam ouvir, nunca ver; móveis, roupas, utensílios,  originais, como se de repente, de trás de uma parede,  fosse aparecer um fantasma, paredes que   chegam a ter em certos pontos 3 metros de espessura por causa dos terremotos. Como já disse: grandioso e terrível.










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