Fazia tempo, muito tempo, talvez uns seis anos ou mais. Não que fosse uma paixão, seria algo assim como saudades de um amor antigo, vivido numa época de inocente felicidade. Só sei que precisava revê-lo. Precisava me dar a oportunidade de ser eu mesma a seu lado.
Naquela mesa, frente a frente, me redescobria como pessoa, indivíduo liberto da relação siamesa que tenho vivido nos últimos tempos. Sim, era eu! Eu mesma capaz de tomar a decisão de estar ali e fazer uma escolha.
À medida que interagíamos, as sensações faziam aflorar emoções adormecidas, gratas lembranças, uma viagem no tempo.
Tempo em que ele era a razão de longas tardes de preguiça e conversa jogada fora,que sempre terminavam com aquela sensação de satisfação e plenitude.
O dia estava glorioso, quente, ensolarado, convidativo para uma esticada naquele momento, ir além. Da janela a vista não era das mais bonitas. Onde encontrar uma bela vista nesta cidade caótica, onde para qualquer lado que se olhe só se vê carros, carros e carros. Mas isso não importava. Nós estávamos juntos e o momento era perfeito, revigorante.
O tempo corria implacável e a hora de voltar ao mundo real já se deparava à nossa frente. Aos poucos ele desaparecia diante dos meus olhos como que diluído por uma voracidade faminta e insaciável. Seus atributos, um a um ainda se faziam presente a despertavam meus sentidos, mas era chegada a hora.
Assim, depois de saborear um refrescante sorvete de casquinha, saímos sem nos despedir. Bem perto do coração, lá estava ele, o querido Big Mac, objeto do meu desejo naquele dia.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Salve os valorosos soldados do fogo!
1998. Tarde quente de fim de primavera. Chego da escola por volta das 18h, faminta. Em seguida chega meu marido e me convida para irmos ao supermercado Yayá, próximo de casa. Demoramos por lá.
Ao sairmos, após as compras, sirenes ecoavam e carros de bombeiros davam voltas no quarteirão. Curiosa, comecei a procurar por fumaça, pois o último veículo que passou por nós foi aquele caminhão enorme, com a escada magirus. Não vi nada.
Ao chegar em casa, abri a porta ainda ao som das sirenes, e meu apartamento, sexto e último andar, estava completamente cheio de fumaça. Da porta não se via o quadro na parede da sala, a 3 metros de distância. A cachorra corria de um lado para outro espirrando, tossindo. O cheiro amargava a garganta, sufocava.
Corri para a cozinha e eis que dois pedaços de pizza que deixei aquecendo no miniforno elétrico, não só aqueceram como pegaram fogo, enegrecendo
os azulejos, queimando a mesa de sustentação, manchando teto, destruindo
forninho. Desliguei e corri abrir as
janelas.
Já era noite e a fumaça saindo desenhava, em contraste com a iluminação da rua, caracóis etéreos, que subiam em direção ao céu. A cachorra já estava a salvo no banheiro, único lugar livre da fumaça.
A campainha da cozinha toca. Quem seria àquela hora, com toda aquela bagunça e mau cheiro por toda parte?
Abro a porta. Seis maravilhosos soldados do fogo chegam para me salvar. Machado em punho, cordas, máscaras e outras parafernálias adequadas à situação. Só pensava em encontrar um buraco e me esconder.
Mal cabiam todos na pequena cozinha. Já repararam como os bombeiros são altos e fortes (e por que não dizer: bonitos naqueles uniformes cheios de adereços)?
Com educação e simpatia, explicaram que vieram para atender um chamado devido à fumaça que saía de uma área de serviço naquele endereço.
Mostrei a causa do transtorno, os dois carvões de pizza, menores que caixas de fósforos, e envergonhada, pedi desculpas.
Eles riram, declararam-se aliviados e explicaram que é melhor prevenir do que remediar.
Fotos da época: Vistas da janela do AP, sentido 23 de maio e sentido Brig. Luiz Antonio
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