quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Lições de meu pai



Enquanto aplicava a seladora no muro da frente, que finalmente meu primo Luizinho e eu deixamos a meu gosto,  pensava como nossos pais nos ensinaram coisas práticas – o pai dele e o meu eram irmãos. 

”Não enfie o cabo do pincel na tinta, só a ponta e retire o excesso”. Era sexta feira santa e eu devia ter uns 10 anos. Pintávamos as ferragens das janelas de casa. Lembro que estava com dor de dente, mas dentista? Só na segunda feira. “Forre o chão, pra não sujar de tinta e proteja o vidro com uma folha de papel para não ter que limpar depois”.

Em tudo era assim, um trabalho: uma aula de técnicas. E sabem? Isso fica para sempre. “lava e enxada e deixa secar bem antes de guardar para não enferrujar”. “ Guarda tudo no lugar de onde tirou”. “ Pra cada trabalho existe uma ferramenta própria: faca não é chave de fenda”.

A oficina dele, em casa, era  organizada. Tinha suportes, caixinhas, vasilhas  pra acomodar tudo e um painel para as ferramentas. Conservo muita coisa, que facilita meu trabalho e me faz sentir sua presença.

“Nunca deixe a mão na frente da ferramenta e proteja os olhos”.

Lições que permaneceram como todas as outras sobre ética, moral e princípios estas, que todos os pais ensinam (ou deveriam ensinar) aos filhos. Não gosto de comparações, mas acho que hoje a tecnologia rouba dos pais e das crianças esses momentos da vida que a mim tanto bem  ainda fazem

Ah ! “Depois da pintura,  limpe bem os pincéis e guarde. Dinheiro não nasce em árvore!”.