sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Memórias de Finados



Lembro-me do tempo em que fazia parte do movimento da Legião de Maria. Como é ainda hoje, tínhamos reuniões semanais, rezávamos o terço, fazíamos visitas às famílias, aos doentes e no dia de Finados, após a celebração da Missa, íamos ao cemitério de Santo Amaro, para, em duplas, rezar o terço na intenção dos mortos.

Naquele tempo não me sentia à vontade no cemitério. Aqueles túmulos abandonados, deteriorados, produziam em mim uma sensação de terror e voltava dessas manhãs de penitência, angustiada, pesada. Era muito jovem e nenhum dos meus ainda ocupava o túmulo da família, construído pelo meu avô.

Hoje, não participo mais da Legião de Maria, admiro de longe seu trabalho, mas vou por minha conta aos cemitérios e eles não me causam mais aquela impressão. Pelo contrário, ali, parece que estou em comunhão com meus falecidos, que hoje já são muitos e volto com a alma lavada, a certeza tranquila de que eles estão bem, livres de suas aflições, em paz. Que o que fiz ou deixei de fazer pertence a um tempo inatingível e que de nada adianta me ocupar disso.

Dos meus tempos de legionária guardo lembranças e saudades, entre os quais, minha parceira de terço no cemitério, a Damáris, amiga querida que reencontrei depois de 40 anos e já faleceu e o nosso grupo, do Praesidium Regina Angelorum, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de parte do qual tenho a foto que ilustra este texto.   

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