Aproximadamente um mês depois que postei o texto abaixo, nosso Alma de Gato apareceu por aqui, passou de galho em galho tranquilamente e até me permitiu fotografá-lo sem muito espanto. Lindo!
Desapego ou renovo?
Já estava quase decidida a dar uma virada na minha vida, mudar-me, desfazer-me das coisas acumuladas durante décadas e que na verdade têm apenas valor sentimental e, eis que um pássaro diferente me aparece por aqui.
Há mais de um ano que não alimento as aves para desapegar-me delas, pra que cantem em outra freguesia. São sabiás, sanhaços, bem-te-vis, rolinhas, maritacas, corruíras, sebinhos, beija-flores e até um solitário pica pau, que mesmo sem a quirera e o girassol continuaram a cantar por aqui por causa das árvores frutíferas. Não ia deixar as aves morrerem de fome!
Mas o novo pássaro me encantou. De bom porte, cauda longa, cor de ferrugem, com detalhes amarelos nas pontas das penas da cauda. Um canto estranho como um miado, o que justifica seu nome popular, encontrado na internet, é claro: Alma de Gato (Piaya Cayana).
Arisco demais, não se deixa fotografar, mas chega bem perto da casa, pousa nos galhos do limoeiro e se alimenta das lagartas que ali nasceram. Também vai ao chão e belisca as aparas de frutas que colocamos para as tartarugas.
Conclusão: já construí uma prateleira (com sucatas pegas em caçamba) para alimentar as aves, comprei novamente quirera e semente de girassol, podei as plantas, decorei com alface de água o tanque dos peixes falecidos, até fiz uma semeadura hidropônica de agrião e rúcula, tão animada fiquei.
Minha irmã não aceita me ver presa a esta casa, mas até se animou com a ideia de que me torne guardiã de uma pequena reserva ambiental, com plantas, aves, água de nascente, muita paz e tranquilidade. Será que vai dar certo?
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