sábado, 30 de julho de 2011

A matemática da Vida

A notícia é antiga, de 1 de junho de 2011, mas é sempre bom rever determinados comportamentos raros hoje em dia.

"Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto de três meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena.

Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa.

"Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada.

É arrepiante.

Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte -, sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: ser úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar às idades deles com saúde e disposição semelhantes.

O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida: a morte não é para eles um problema a ser solucionado - ou talvez corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos convencer; a morte é, de fato, a constante da equação.

Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo...mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.”

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dia dos Avós - Parabéns!


Luiz - Deolinda - Juan - Assuncion - Walter - Maria


Embora pouco conhecido, no dia 26 de julho comemora-se o Dia dos Avós. A celebração tem origem em uma tradição católica em função da festa feita a Santa Ana ou Sant’Ana, mãe da Virgem Maria, mãe de Jesus. Com isso, católicos ou não aproveitam o dia para homenagear seus avós, em especial aqueles que, além do papel habitual, fazem de tudo para ajudar os filhos a criar os netos.

O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.

As avós são também chamadas de "segunda mãe", e os avôs, de "segundo pai", e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.

Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.

Aproveite esta data para mandar uma mensagem de carinho aos queridos vovô e vovó e dizer o quanto você lembra-se deles.

Onde estão vocês?


Formandas da turma de 1964 do Curso de Formação de Professores Primários (Magistério), IE Prof “Alberto Conte”, em Santo Amaro.

Será que conseguiremos nos reunir para comemorar os 50 anos de formatura em 2014?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Você já esteve em Bertioga?


“Então aceite o alerta do viajante José Saramago: nenhuma viagem é conclusiva. Quando uma viagem termina, outra imediatamente se inicia, já que sempre é preciso ver o que ainda não foi visto ou ver com novos olhos o que já se viu. Sentir o sol onde primeiramente a chuva caiu, ver de dia o que se viu de noite, conversar novas conversas, sentir de novo os velhos aromas, ver a onda que mudou de lugar, a sombra que antes não estava ali. É preciso voltar ao caminho que já se fez, para traçar caminhos novos ao lado dele. É preciso recomeçar a viagem.” (Guia de viagem – SESC Bertioga)


Já estive muitas vezes em Bertioga, sempre na unidade do SESC, mas desta vez foi especial. Fomos meu pai, minha neta Vitória e eu. Uma aventura à parte, se considerarmos que ele tem 91 anos e meio e ela 14 e meio – associação que de princípio me assustava. Ambos dependeriam da minha atenção e com interesses diametralmente opostos. Será? Se por um lado devia estar atenta à pressão arterial, dores e medicação de um, por outro se fazia necessário acompanhar a outra em atividades que exigiam a presença de um adulto responsável e das quais aquele não participava.


Da corridinha emergencial ao banheiro a um agitadíssimo show de rock dos anos 80 - um quebra cabeça que se resolveu assim que descobriram o lago e a possibilidade de pesca. Ambos se interessaram e daí por diante foi fácil administrar as atividades. Pescavam juntos ou quando saímos para passeios meu pai ficava imóvel, hipnotizado pelos movimentos imperceptíveis da linha de pesca, por horas, protegido sob o guarda sol e aos cuidados dos dedicados funcionários daquela unidade, verdadeiros cuidadores de idosos.


Sobre o SESC nada há a dizer. Perfeito como sempre, ressaltando-se as reformas no restaurante que tornaram nossas refeições verdadeiras viagens.


Desta vez fomos até a estação de captação de águas do SESC, na Serra do Mar, numa caminhada de três quilômetros a partir do Rio Itapanhaú. Trilhas, curiosidades ambientais e históricas, muitas bromélias floridas e, é claro, banho nas águas cristalinas de um poço d água no Rio Guaxanduva.


Como prometi as fotos, que falam mais que mil palavras e meus agradecimentos à Vitória que me aturou e proporcionou bons momentos em sua companhia.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Moema dos “Indios” e “Pássaros”

Tinha uma amiga que esperava a compra de um apartamento na Moema dos pássaros para se casar. Já não era nova, a compra não acontecia, mas tinha que ser lá e quando finalmente aconteceu o sonhado AP e se casaram, o esposo adoeceu e logo faleceu...

Moema de pássaros ou índios ou Indianópolis? Onde começa um e termina outro? Enquanto vivi por lá e depois quando convivi com os que ficaram era INDIANÓPOLIS.






Minha avó Conceição, que na certidão de casamento é Assunpcion morou na Vila Indiana, na casa do tio João, e cuja parada do bonde chamava-se Vila Helena, depois se casou em segundas núpcias e foi para a Canário.


Antes, quando os filhos ainda eram jovens, a família morou na Pavão e na Aicás (Haikas como se lê na carteira profissional de 1939, do meu avô João).


Os avós do lado paterno, Luiz e Deolinda, viram seus filhos piracicabanos, meu pai a tia Léia (na foto de 1926 - Jardim da Luz) e Luiz que nasceu aqui, crescerem e casarem também morando em Moema, primeiramente na Rua Nhambu e depois na Arapanés quase esquina com a Macuco.

Minha madrinha Izabel Almeida Borba, que também morou com a família na Vila Indiana, foi para a Jacutinga, na sonhada casa própria que adquiriu com o dinheiro que ganhou na loteria mais uma ajuda dos patrões, trabalhou no bar do genro, na Cotovia fazendo quitutes e terminou seus dias na Aicás.





Pássaros e índios fizeram parte de nossas vidas, numa Moema diferente, de ruas tranqüilas e passeios na praça da matriz, igreja Nossa Senhora Aparecida, onde em 6 de janeiro de 1946 fui batizada.

Impossível esquecer



Em 2007, minha cadela Ágatha lesionou os tendões de uma das pernas traseiras. Já era velhinha, tinha problemas cardíacos assim, não podia passar por outra cirurgia. Por indicação da veterinária da USP, deverámos fazê-la andar bastante duas vezes por dia, livre da coleira. Nunca fui adepta de vagar sem rumo pelas ruas com caninos encoleirados, isso é para mim, uma tortura. Mas se era para o bem da minha melhor amiga: seja feito.

Todos os dias, pela manhã e à tarde, lá íamos minha mãe, a fiel cã e eu vagar pelas ruas do bairro. Por aqui tudo é muito tranquilo e arborizado, fato que acrescentava algum sentido àquele passeio terapêutico. Minha mãe encontrava e encantava-se com as flores, sempre presentes nos jardins, árvores e beiras das calçadas e assim, como abelhas de flor em flor lá íamos nós atrás da cadela enferma.

Essas foram as últimas andanças da minha mãe e da Ágatha. Aos poucos minha mãe foi apresentando cada vez mais dificuldade de locomoção e logo só nos acompanhava nos passeios de carro e a locais em que não necessitasse caminhar mais que poucos metros. Ao mesmo tempo a Ágatha, obesa e cardíaca não aguentava fazer à pé o trajeto de casa ao pet shop para o banho, pouco mais de três quadras. Esta, descansou em fevereiro de 2009 e aquela no mesmo mês em 2011.

Escrevo isso agora, porque revirando minha caixa de fotos encontrei a que ilustra esta página e claro, as lembranças do tempo em que ela foi batita, afloraram. Esse é Quartzo. Nós o conhecemos naquelas andanças. Morava numa linda casa cheia de orquídeas no jardim, na Rua Barão de Jaceguai e, toda manhã ganhava um pãozinho do vigia da rua e o acompanha com ele na boca, enquanto varria as calçadas até às nove horas. Ninguém sabe como, sempre nesse horário ele parava e comia o pão.

Parávamos, falávamos com ele, ele cheirava a Ágatha, abanava a cauda mas nunca largava o pão.

Quartzo também já se foi, mas nunca vou esquecer o olhar carinhoso que nos dirigia apertando entre as mandíbulas aquela iguaria toda babada.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Fábula do Porco-espinho


Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.

Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor .

Por isso decidiram se afastar uns dos outros e começaram de novo a morrer congelados.

Então precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.

Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro .

E assim sobreviveram.

Moral da História

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro e admirar suas qualidades .