terça-feira, 19 de julho de 2011
Impossível esquecer
Em 2007, minha cadela Ágatha lesionou os tendões de uma das pernas traseiras. Já era velhinha, tinha problemas cardíacos assim, não podia passar por outra cirurgia. Por indicação da veterinária da USP, deverámos fazê-la andar bastante duas vezes por dia, livre da coleira. Nunca fui adepta de vagar sem rumo pelas ruas com caninos encoleirados, isso é para mim, uma tortura. Mas se era para o bem da minha melhor amiga: seja feito.
Todos os dias, pela manhã e à tarde, lá íamos minha mãe, a fiel cã e eu vagar pelas ruas do bairro. Por aqui tudo é muito tranquilo e arborizado, fato que acrescentava algum sentido àquele passeio terapêutico. Minha mãe encontrava e encantava-se com as flores, sempre presentes nos jardins, árvores e beiras das calçadas e assim, como abelhas de flor em flor lá íamos nós atrás da cadela enferma.
Essas foram as últimas andanças da minha mãe e da Ágatha. Aos poucos minha mãe foi apresentando cada vez mais dificuldade de locomoção e logo só nos acompanhava nos passeios de carro e a locais em que não necessitasse caminhar mais que poucos metros. Ao mesmo tempo a Ágatha, obesa e cardíaca não aguentava fazer à pé o trajeto de casa ao pet shop para o banho, pouco mais de três quadras. Esta, descansou em fevereiro de 2009 e aquela no mesmo mês em 2011.
Escrevo isso agora, porque revirando minha caixa de fotos encontrei a que ilustra esta página e claro, as lembranças do tempo em que ela foi batita, afloraram. Esse é Quartzo. Nós o conhecemos naquelas andanças. Morava numa linda casa cheia de orquídeas no jardim, na Rua Barão de Jaceguai e, toda manhã ganhava um pãozinho do vigia da rua e o acompanha com ele na boca, enquanto varria as calçadas até às nove horas. Ninguém sabe como, sempre nesse horário ele parava e comia o pão.
Parávamos, falávamos com ele, ele cheirava a Ágatha, abanava a cauda mas nunca largava o pão.
Quartzo também já se foi, mas nunca vou esquecer o olhar carinhoso que nos dirigia apertando entre as mandíbulas aquela iguaria toda babada.
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