segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Será mesmo?

Nosso médico de família, nos bons tempos dos meus avós ainda vivos, dizia que um grande problema do ser humano em determinadas circunstâncias, é ele ter opções. A opção gera a possibilidade de escolha que leva à expectativa e esta provoca não raro, a frustração, motivo da infelicidade. 

Sem opção desenvolvemos a capacidade de adaptação, que se não leva à felicidade (que na verdade não existe, o que existe são momentos felizes), pelo menos não há arrependimento, nem culpa (um dos maiores males da humanidade). 

Sempre fui uma pessoa sem grandes expectativas. Meus sonhos são simples e realistas. Dificilmente me decepciono e contento-me com o que tenho. Considero-me uma pessoa próspera, não detenho bens de valores, mas nada me falta. 

Uma caçamba para garimpo consegue me fazer mudar de planos, de rota e colocar a imaginação a mil, com o vislumbre das peças reformadas, prontas. 

Essa reflexão saiu de uma das minhas gavetinhas mentais, porque de repente me peguei falando com meus botões, depois de uma longa conversa (monólogo do lado de lá) com uma pessoa, para quem tudo é difícil, mau e complicado. Haja baixo astral! 

Subi as escadas bem devagar, respirando fundo e pensando: 

 - Nossa! Hoje o dia foi tão bom. Pouco fiz, mas tudo deu certo. Uma sensação boa de paz me preencheu, e foi então que me lembrei do doutor amigo e de suas reflexões. 

Não planejo meus dias, eles acontecem. Na agenda apenas o que depende de terceiros, de resto deixo acontecer e danço conforme a música.

Acho que é por isso que meu pai dizia que eu "levo a vida na flauta".

sábado, 28 de setembro de 2013

Lentilhas, Bíblia, etc...

Encerramos nesta semana o Mês da Bíblia e no afã da vivência deste momento litúrgico, lembranças da infância emergem e se faz necessário que as registre. 

Talvez por que meu avô paterno (o materno faleceu antes do meu nascimento) tenha sido uma figura marcante na minha infância e, talvez por que a imagem que tenho dele é sempre a do Dia do Senhor – terno escuro, camisa branca, gravata, botas de meio cano, chapéu, Bíblia na mão, talvez por isso, e por admirá-lo tanto, o livro sagrado sempre teve significado especial para mim.


Aprendi a ler aos quatro anos e entre os 8 e 12, “devorei” os livros da biblioteca do Grupo Escolar Mario de Andrade. Nessa época, todos os dias, abria a Bíblia do meu pai e lia trechos do Velho Testamento. Desconhecia o significado de muitas palavras, mas me lembro de que entendia as narrativas, como histórias daquelas pessoas. Impressionavam-me particularmente as histórias de Sansão e Dalila; a vida de José e o reencontro com os irmãos no Egito; Moisés e as pragas; e, não sei por que, talvez pela originalidade do nome, o rei Nabucodonosor. 

Uma história marcou-me para sempre e ainda me lembro de quando a li pela primeira vez, tinha nove anos e frequentava a catequese para a Primeira Eucaristia, na Paróquia S C de Jesus. A narrativa sobre os gêmeos Esaú e Jacó, filhos de Isaac, netos de Abraão. O primeiro era o primogênito. Foi aí que aprendi o significado da palavra. Mas, se eram gêmeos, como Esaú podia ser o primogênito? O importante é que estava escrito na Bíblia e, portanto, era verdade: Esaú era o primogênito e trocou sua primogenitura com Jacó, por um prato de lentilhas. 

É por isso, pelas lentilhas, que nunca esqueci esse trecho. Lentilhas são um de meus pratos favoritos e sou a primogênita, portanto toda vez que minha mãe fazia essa iguaria, eu brincava com minhas irmãs, propondo-lhes a troca de suas porções pela minha primogenitura, como fizeram “Esaú e Jacó”. 

Seja pelas histórias, ou pela figura do meu avô, só sei que a Bíblia esteve presente na minha infância e mesmo sem entender fui me familiarizando com aqueles textos, me deixando seduzir por aquilo que entendia e me apaixonando pelas coisas do alto.

Foto: Meus avós Luiz Walder (65)  e Deolinda do Amaral Walder (62) em trajes de "Dia do Senhor"

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Janelas: vãos da alma!

Janelas me encantam. Seja olhadas de fora, imaginando o que haverá do outro lado, seja de dentro para fora, lançando o olhar, muitas vezes em direção ao inatingível. Janelas são elos de ligação entre mundos separados. Resolvi aliar frases significativas às fotos que fiz, das janelas das edificações da Real Fábrica de Ferro, primeira fundição do Brasil, na Fazenda Ipanema. Gostei!

Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer.(Franz Kafka)


Existe algo mais importante que a lógica: a Imaginação. Se a idéia é boa, jogue a lógica pela janela.(Alfred Hitchcock)

                                                              
Quem faz um poema
abre uma janela.


Respira, tu que estás
numa cela abafada,
esse ar que entra por ela.
 
Por isso é que
os poemas têm ritmo
- para que possas
profundamente respirar.

(Mario Quintana) 

***

Um livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou 
distante da janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem. 
(Kahlil Gibran)

 
                        Quando o sol bater na janela do teu quarto,
                            Lembra e vê que o caminho é um só,
                      Porque esperar se podemos começar tudo de novo
                                 agora mesmo.(Renato Russo)


 

 Se um dia fecharem-lhe as portas da vida, pule a janela. (Augusto Cury)

                                                                 ***

Existem manhãs em que abrimos a janela, e temos a impressão de que o dia está nos esperando. (Charles Baudelaire)


Abre o teu coração ou eu arrombo a Janela. 
(Chico Buarque)

                                                              ***
A televisão matou a janela.
                                                 (Nelson Rodrigues)


Abra a janela do teu coração e deixe a alma arejar!

Sabe aquele cheiro de mofo de sonhos que envelheceu e você nem se deu conta? Deixe que o vento leve para longe...

Faça uma boa limpeza na vidraça da janela do coração, garanto que você enxergará melhor a vida lá fora...

Abra a janela da vida e seja pleno em cada coisa ainda que pareça pequena.

Viva na forma adulta de ser criança, debruce na janela e não olhe a vida passar através dela... Viva a Vida! (Padre Marcelo Rossi)
 


Real Fábrica de Ferro - Fazenda Ipanema 
                         Araçoiaba da Serra, 21 de setembro de 2013