Nosso médico de família, nos bons tempos dos meus avós ainda vivos, dizia que um grande problema do ser humano em determinadas circunstâncias, é ele ter opções. A opção gera a possibilidade de escolha que leva à expectativa e esta provoca não raro, a frustração, motivo da infelicidade.
Sem opção desenvolvemos a capacidade de adaptação, que se não leva à felicidade (que na verdade não existe, o que existe são momentos felizes), pelo menos não há arrependimento, nem culpa (um dos maiores males da humanidade).
Sempre fui uma pessoa sem grandes expectativas. Meus sonhos são simples e realistas. Dificilmente me decepciono e contento-me com o que tenho. Considero-me uma pessoa próspera, não detenho bens de valores, mas nada me falta.
Uma caçamba para garimpo consegue me fazer mudar de planos, de rota e colocar a imaginação a mil, com o vislumbre das peças reformadas, prontas.
Essa reflexão saiu de uma das minhas gavetinhas mentais, porque de repente me peguei falando com meus botões, depois de uma longa conversa (monólogo do lado de lá) com uma pessoa, para quem tudo é difícil, mau e complicado. Haja baixo astral!
Subi as escadas bem devagar, respirando fundo e pensando:
- Nossa! Hoje o dia foi tão bom. Pouco fiz, mas tudo deu certo.
Uma sensação boa de paz me preencheu, e foi então que me lembrei do doutor amigo e de suas reflexões.
Não planejo meus dias, eles acontecem. Na agenda apenas o que depende de terceiros, de resto deixo acontecer e danço conforme a música.
Acho que é por isso que meu pai dizia que eu "levo a vida na flauta".