Fazia tempo, muito tempo, talvez uns seis anos ou mais.
Não que fosse uma paixão, seria algo assim como saudades de um amor antigo, vivido numa época de inocente felicidade. Só sei que precisava revê-lo. Precisava me dar a oportunidade de ser eu mesma a seu lado.
Naquela mesa, frente a frente, me redescobria como pessoa, indivíduo liberto da relação siamesa que tenho vivido nos últimos tempos. Sim, era eu! Eu mesma capaz de tomar a decisão de estar ali e fazer uma escolha.
À medida que interagíamos, as sensações faziam aflorar emoções adormecidas, gratas lembranças, uma viagem no tempo.O dia estava glorioso, quente, ensolarado, convidativo para uma esticada naquele momento, ir além.
Da janela a vista não era das mais bonitas. Onde encontrar uma bela vista nesta cidade caótica, onde para qualquer lado que se olhe só se vê carros, carros e carros. Mas isso não importava. Nós estávamos juntos e o momento era perfeito, revigorante.
O tempo corria implacável e a hora de voltar ao mundo real já se deparava à minha frente. Aos poucos ele desaparecia diante dos meus olhos como que diluído por uma voracidade faminta e insaciável. Seus atributos, um a um ainda se faziam presentes e despertavam meus sentidos, mas era chegada a hora da despedida.
Assim, depois de saborear um refrescante sorvete de casquinha, saí levando junto ao coração, ou quase, um apetitoso Big Mac.
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