Um rio. Não um simples rio. O Rio da Prata. Largo, límpido,
caudaloso, quase intocado, com os cardumes à vista e os Dourados reinando sobre
eles. Balneário Municipal de Jardim – MS.
O leito se estreita, uma cachoeira se avizinha e despeja as
águas por vários sulcos cavados entre as rochas formando corredeiras
vertiginosas.
Uma corda de poucos metros une as margens, presa nas rochas,
a poucos centímetros do nível água. É ali que o melhor acontece, para poucos,
para quem confia na eficiência de suas braçadas ou para quem como eu, tem anjos
sem asas que incentivam a tresloucada aventura e zelam pela segurança.
Nadamos à margem oposta e para voltar
necessário se fazia atravessar a corredeira. Todos jovens, pularam, uns segurando
os outros e lá fiquei na margem. À minha frente, Artur, Cynthia, Bruna e
Júnior, com seus sorrisos lindos, de mãos dadas, lutavam com a correnteza e
gritavam em coro: “pula vó! Pula! A gente te pega!”.
Hesitei e pulei.
Em segundos a mão forte da Bruna me segurava e punha em pé.
Todos riam. Eu chorava de emoção e beijava meus salva vidas. Agora faltava
atravessar a corredeira mais larga segurando a corda. A força da água anestesia
os músculos. Só dependia das mãos e da ajuda de alguém para sair do turbilhão
do outro lado. Fantástico. Adrenalina pura.
Como se não bastasse, na semana seguinte voltamos ao
Balneário de Jardim, agora mais “experiente” e acompanhada de filha e netos,
lancei-me em novas aventuras. Saltar a corredeira pulando e segurando na corda,
nadar até onde dá pé, mergulhar na correnteza mais forte e se deixar levar rio
abaixo, nadar até a plataforma de saída, e quase sem fôlego ouvir a neta pedir:
“vamos de novo vó!”. E lá íamos nós.
Jamais imaginei que na contagem regressiva da vida, teria
saúde e coragem para tanto e que fazer essas artes poderia ser tão bom. Obrigada Senhor!