sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Pedra que não rola...

BONITO - MS - RIO FORMOSO




De Portugal nos vem o provérbio:  “ Pedra que rola não cria limo (musgo, mofo, conforme a região)”. Provérbio que  pode ter duas interpretações.

Uma explica que  como o limo (musgo, mofo) não tem tempo de se formar sobre um pedra em movimento, também a versatilidade e a inconstância, não permitem capitalizar bens, saber, sabedoria.

Outra diz que o que está constantemente em movimento não estagna, não decai. Nesta interpretação, sugere-se uma valorização positiva da ideia de mudança.

Pensando nessas reflexões durante os passeios, conclui que mesmo que não rolem, às rochas gigantescas das margens e fundo dos rios, também se aplica o provérbio, pois as das margens, menos desgastadas, são cobertas de limo e escorregadias e aquelas que se deixam lavar pela correnteza são lisas,  limpas, permitindo que se ande sobre elas com segurança.


Assim, criei meu próprio provérbio: ”Na vida, somos como as pedras: apegados à margem  nos tornamos mofados, escorregadios. Integrados à correnteza,  lapidados, temos vida plena com  todas as suas consequências”.






terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Velha sem noção!



Um rio. Não um simples rio. O Rio da Prata. Largo, límpido, caudaloso, quase intocado, com os cardumes à vista e os Dourados reinando sobre eles. Balneário Municipal de Jardim – MS.


 O leito se estreita, uma cachoeira se avizinha e despeja as águas por vários sulcos cavados entre as rochas formando corredeiras vertiginosas.



Uma corda de poucos metros une as margens, presa nas rochas, a poucos centímetros do nível água. É ali que o melhor acontece, para poucos, para quem confia na eficiência de suas braçadas ou para quem como eu, tem anjos sem asas que incentivam a tresloucada aventura e zelam pela segurança.


Nadamos à margem oposta e para voltar necessário se fazia atravessar a corredeira. Todos jovens, pularam, uns segurando os outros e lá fiquei na margem. À minha frente, Artur, Cynthia, Bruna e Júnior, com seus sorrisos lindos, de mãos dadas, lutavam com a correnteza e gritavam em coro: “pula vó! Pula! A gente te pega!”.

Hesitei e pulei. 

Em segundos a mão forte da Bruna me segurava e punha em pé. Todos riam. Eu chorava de emoção e beijava meus salva vidas. Agora faltava atravessar a corredeira mais larga segurando a corda. A força da água anestesia os músculos. Só dependia das mãos e da ajuda de alguém para sair do turbilhão do outro lado. Fantástico. Adrenalina pura.

Como se não bastasse, na semana seguinte voltamos ao Balneário de Jardim, agora mais “experiente” e acompanhada de filha e netos, lancei-me em novas aventuras. Saltar a corredeira pulando e segurando na corda, nadar até onde dá pé, mergulhar na correnteza mais forte e se deixar levar rio abaixo, nadar até a plataforma de saída, e quase sem fôlego ouvir a neta pedir: “vamos de novo vó!”. E lá íamos nós.


Jamais imaginei que na contagem regressiva da vida, teria saúde e coragem para tanto e que fazer essas artes poderia ser tão bom. Obrigada Senhor!