sábado, 20 de junho de 2015

Fernando de Noronha, um lugar para quem sabe o que quer



Aposentada, vivo para curtir a família, me alimentar bem e de forma saudável, participar das atividades na paróquia e viajar.  Sempre gostei de passeios ecológicos, viagens para apreciar a natureza, especialmente em lugares próximos ao mar. Ah! O mar! Minha grande paixão. 


É claro que Fernando de Noronha fazia parte dos meus sonhos, mas me parecia tão distante, que ficou guardado num cantinho escondido do coração até que meu amigo Marco abriu a portinhola. Aí não teve quem nem o quê segurasse.

Como ia para Natal, estava a meio caminho.  Comprei as passagens e a estadia numa pousada pela internet. Um grande passo para alguém como eu, que nunca se lançou a aventuras sozinha e ainda mais em lugar totalmente desconhecido.  Pesquisei sobre a ilha, natureza, passeios.  A cada dia que passava a ansiedade crescia. 

Finalmente chegou a hora e, no aeroporto sou apresentada à aeronave que me levaria às alturas: um avião bimotor. Não era o que eu esperava. Agora era rezar pra que aquelas hélices enormes funcionassem.





Na chegada, a visão do Morro do Pico parecia fazer parte do aeroporto, mas como descobri depois, sendo a ilha pequena e o morro seu ponto mais alto, parecia fazer parte de qualquer lugar em que a gente estivesse. Lindo!



Os habitantes locais, simples e atenciosos sem rapapés, me faziam sentir como se estivesse em casa e, sendo a ilha totalmente segura, sentia-me livre para ir e vir sem temores.

Fiquei por lá seis dias. Dias maravilhosos repletos de surpresas e emoções nunca antes sentidas. Fiz passeios em grupo, tomei banho em piscinas naturais compartilhadas com peixes coloridos, caminhei pelas trilhas da ilha, completamente só, feliz, meditando a grandeza da Criação. Viajei no tempo, fotografando entre as ruínas de fortes do tempo da colonização. Senti o peso do cárcere, atrás das grossas e úmidas paredes de pedra das prisões, orei numa igreja seiscentista.

















Muito além do que esperava, as coisas iam acontecendo e entre tantas surpresas, a oportunidade de participar da abertura de um ninho de tartaruga marinha, ver mais de cem filhotes correrem para o mar tendo como cenário um por de sol indescritível e poder gritar com as crianças da escola que ali estavam, para espantar as fragatas que buscavam seu jantar.






Noronha não é um lugar para turismo tradicional. Noronha é um mundo à parte, um estado de espírito, para ser sentido, absorvido, amado, na simplicidade do que resta de sua pureza intocada. 




domingo, 14 de junho de 2015

Parabéns Cacau!

Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? (Lucas 15, 4)



Por volta de 2005/2006 conheci o Cacau – José Carlos. Bêbado, vivia na calçada da igreja que frequento, num estado de degradação, fácil de imaginar, visto não sair do lugar para nada, fizesse chuva ou sol.  Não incomodava ninguém. Às vezes pedia um café, uma ajuda para o almoço ou algo que precisasse, mas que não durava, visto seu total descontrole.

Por sua boa índole, chamava a atenção e os Vicentinos da paróquia se propuseram a ajuda-lo como é de seu hábito. Tentaram a primeira internação que em nada resultou. Ele voltou à rua. Mas, como ele mesmo diz, “que tudo pode n´Aquele lá de cima”, percebeu que a vida na rua estava insustentável , pois conhecera coisa melhor. Procurou um dos vicentinos e pediu uma segunda chance. Sumiu da rua, ficou internado por muito tempo. Quando voltou, era outra pessoa.

Apareceu na igreja, onde aos domingos ainda olha os carros e procurava cada pessoa com quem tivera contato no passado, cumprimentava com carinho, mostrava-se curado, agradecia a Deus e a cada um que contribuíra para isso.

Cada fim de semana, ao ver-nos, alegremente vinha dizendo: “tenho mais uma boa notícia para você: estou trabalhando registrado”, ou “comecei a estudar, estou no supletivo”´, “conheci uma moça e estou noivo, olha a aliança”.

No último mês de abril, me abordou na entrada da igreja para mais uma boa notícia, convidar para seu casamento no dia 16 de maio. Senti-me honrada e expliquei que estava de passagem comprada para uma viagem. Dei-lhe meu presente e rezei por ele.

Hoje, ao ver-me veio correndo com o álbum do casamento nas mãos, que mostrava para todos os amigos, como ele diz. Perguntei se podia copiar uma foto, ele escolheu as que eu “deveria” copiar e publicar, pois era mais um testemunho do poder de Deus na vida dele. Abracei-o e agora faço o que ele me pediu, transmito o seu testemunho.

Será que preciso dizer que estar a serviço do Senhor na pessoa do irmão, é maravilhoso?

Obrigada queridos vicentinos!


Parabéns Cacau!