Aposentada, vivo para curtir a família, me alimentar bem e de forma saudável, participar das atividades na paróquia e viajar. Sempre gostei de passeios ecológicos, viagens para apreciar a natureza, especialmente em lugares próximos ao mar. Ah! O mar! Minha grande paixão.
É claro que Fernando de Noronha fazia parte dos meus sonhos, mas me parecia tão distante, que ficou guardado num cantinho escondido do coração até que meu amigo Marco abriu a portinhola. Aí não teve quem nem o quê segurasse.
Como ia para Natal, estava a meio caminho. Comprei as passagens e a estadia numa pousada pela internet. Um grande passo para alguém como eu, que nunca se lançou a aventuras sozinha e ainda mais em lugar totalmente desconhecido. Pesquisei sobre a ilha, natureza, passeios. A cada dia que passava a ansiedade crescia.
Finalmente chegou a hora e, no aeroporto sou apresentada à aeronave que me levaria às alturas: um avião bimotor. Não era o que eu esperava. Agora era rezar pra que aquelas hélices enormes funcionassem.
Na chegada, a visão do Morro do Pico parecia fazer parte do aeroporto, mas como descobri depois, sendo a ilha pequena e o morro seu ponto mais alto, parecia fazer parte de qualquer lugar em que a gente estivesse. Lindo!
Os habitantes locais, simples e atenciosos sem rapapés, me faziam sentir como se estivesse em casa e, sendo a ilha totalmente segura, sentia-me livre para ir e vir sem temores.
Fiquei por lá seis dias. Dias maravilhosos repletos de surpresas e emoções nunca antes sentidas. Fiz passeios em grupo, tomei banho em piscinas naturais compartilhadas com peixes coloridos, caminhei pelas trilhas da ilha, completamente só, feliz, meditando a grandeza da Criação. Viajei no tempo, fotografando entre as ruínas de fortes do tempo da colonização. Senti o peso do cárcere, atrás das grossas e úmidas paredes de pedra das prisões, orei numa igreja seiscentista.
Muito além do que esperava, as coisas iam acontecendo e entre tantas surpresas, a oportunidade de participar da abertura de um ninho de tartaruga marinha, ver mais de cem filhotes correrem para o mar tendo como cenário um por de sol indescritível e poder gritar com as crianças da escola que ali estavam, para espantar as fragatas que buscavam seu jantar.
Noronha não é um lugar para turismo tradicional. Noronha é um mundo à parte, um estado de espírito, para ser sentido, absorvido, amado, na simplicidade do que resta de sua pureza intocada.
Excelente texto, um ótimo estímulo para uma viagem inesquecível!
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