Minha mãe nasceu na cidade de Itápolis, numa fazenda de café. Seus pais, Juan e Assunpcion eram imigrantes espanhóis chegados no começo do século. Aos seis anos, após um infarto do meu avô, a família veio para São Paulo, onde já estavam meus bisavós. De Itápolis diretamente para a Avenida Macuco 16, em Moema e, em seguida, para a Chácara dos Eucaliptos, próximo à Estrada de Santo Amaro, onde meu avô deveria ser o responsável pelos lenhadores. Claro que não deu certo, não era talhado para mandar, mas assim mesmo ficaram morando na propriedade.
Aos poucos a família assimilava a nova situação e se integrava na rotina do dia a dia da “cidade grande”. Muito ouvi sobre vizinhas sentadas debaixo de árvores e crianças brincando nos espaços comuns; verdureiros e peixeiros oferecendo seus produtos. Aulas de catecismo na Sagrado Coração, no Brooklin e intermináveis rezas na igreja Nossa Senhora Aparecida de Moema, sempre em companhia das amiguinhas.
Estas lembranças assomaram no dia 29 de maio último, quando fotografei – com uma Yashica de filme de celulóide - a solenidade da Coroação de Nossa Senhora, no encerramento do mês de Maria. Vendo as crianças vestidas de anjo, compenetradas carregando a coroa da Virgem e cestas com pétalas de rosa, senti minha mãe muito próxima, pois uma das poucas coisas que não esqueceu até os últimos dias, foi de quando ela também, se vestia de anjo para essa solenidade e o mais interessante: nesta mesma igreja, ainda capela, quando nem era paróquia.
O mundo dá muitas voltas e para mim, parece que sempre volto ao mesmo lugar. Estarei girando em círculos ou vivendo ciclos que se completam?
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