sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SÃO PAULO 458 ANOS

RETRATO DE UMA CIDADE

Filha do Novo Mundo,nascida no Planalto de Piratininga
aos 25 de janeiro de 1554.
Curuminha batizada por Nóbrega e Anchieta,nas águas abençoadas do Tietê
e alimentada pelos generosos seios da Mãe Preta,
cresce sob os olhos atentos de Tibiriçá.


Curiosa, sonda além do horizonte da taba e,num descuido do cacique,
embarca numa chata.
Com Borba Gato, Manoel Preto, Fernão Dias,desvenda as entranhas do sertão.
Enfrenta adversidades, aprende patriotismo.
Volta forte.


Ares de liberdade fustigam-lhe o rosto.


Encantada por um príncipe encantador
conquista a independência às margens plácidas do Ipiranga,
não antes de entregar-se sob os lençóis do solar da marquesa.


Entre o leito e os saraus,conhece Castro Alves e José do Patrocínio.
Freqüenta a igreja dos homens pretos,nasce um ideal.


Perde o príncipe, perde o império.Deixa ir os cativos, casa-se com a República.

Recebe de braços abertos os que de além mar chegam com os presentes das bodas:
esperança, braços fortes,vontade férrea, suor e lágrimas.
Sagra-se Baronesa do Café e reina soberana sobre o espigão.
Aristocrata recepciona os condes,para o nhoque da fortuna.
Fortuna das fábricas.




Passeia de bonde sob a luz frouxa dos lampiões de gás.

Desfila no corso ao som do “Abre Alas”.



Em 22 ilumina-se sob o brilhantismo dos Modernistas.


Em 32, pranteia os filhos mortos.

Em 54, desfila sob a chuva de prata e o caloroso aplauso da multidão.
Veste-se da arte para a festa.
Recebe o MASP, o Ibirapuera, a Bienal e o Obelisco onde
Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo
descansam em paz.


Edifícios elevam-se a alturas nunca antes sonhadas.
Chaminés despontam no horizonte.
A fumaça anuncia que o progresso se instala definitivamente.


O metrô rasga-lhe o seio integrando-a de norte a sul, de leste a oeste.


Parques florescem brindando crianças e namorados com cores, aromas, sons e prazeres.


Primeira dama do Brasil,
quiçá da América Latina, seu coração pulsa desordenado
no peito financeiro da Pátria.
A mais Paulista das avenidas.

Vê os filhos seus sofrerem com as mazelas da sociedade,
mas sabe que, nestes seus 458 anos, ainda é uma jovem senhora
com fé e coragem suficientes para arrancar de dentro de si
as forças para enfrentar e sanar os males que a afligem.

Com altivez e galhardia,
reúne os filhos de todas as raças, cores, credos, condições e origens,
para jubilosa, comemorar mais este aniversário.

Parabéns São Paulo!
Lidia Walder

Fotos: algumas dos meus arquivos, outras da internet.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desconectada? Só da internet...

Léa e Walter com os pais Luiz e Deolinda no Jardim da Luz - 1920

Lembrei-me agora, do texto que segue, escrito há 5 anos. Nada melhor do que publicá-lo novamente, como mais uma homenagem de aniversário.

Na ocasião, recebi uma cartinha da tia Léa. Cartinha sim, ela não faz uso da internet e já não andava sozinha por aí, como fez a vida toda, assim, não podendo vir pessoalmente, me enviou através dos correios um recorte de jornal que achou que eu gostaria de ver. Não foi a primeira vez que recorta e guarda para mim matérias relacionadas à cidade, e que me conhecendo como conhece, tem certeza que vou gostar. E sempre acerta!

Tia Léa, extremamente dedicada aos seus, mas sempre antenada em tudo o que se passa à sua volta e no mundo, lê muito, viaja bastante com grupos de terceira idade, assim permanece uma senhora conectada à vida e ao mundo, tendo sempre novidades para contar. Um papo com ela é uma delícia.


Bem, o recorte de jornal que me enviou, trata do artigo “A paz numa fachada da Paulista”, de autoria do professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia da USP, José de Souza Martins, publicado na seção Tesouro Paulistano, no Caderno Cidades/Metrópole de O Estado de São Paulo, do dia 18/11/2006, sobre o painel de cerâmica policromada, que decora a fachada do Edifício Nações Unidas, na Avenida Paulista 648. Esse painel é “um delicado manifesto visual contra a Guerra Fria e em favor da união dos povos”, nas palavras do autor da matéria.

Claro que eu já conhecia o painel, passo por ali diversas vezes ao transitar pela nossa mais paulista das avenidas, mas, o que me leva a escrever, é o fato de, de repente, receber das mãos de quem está bem distante daquele agito, mas muito mais ligada do que eu, essa matéria, repleta de informações sobre a história de um dos mais antigos prédios da cidade e mais, com a biografia do autor da obra que o decora: Clóvis Graciano, que entre outras coisas integrou o chamado Grupo Santa Helena.

Compartilho a foto do painel e um trecho da matéria: “os pedestres que passam apressados... quase sempre olhando para o chão, voltados para dentro de si mesmos” pois, “o que pode haver de tão interessante naquela “pintura” ladeada por um anúncio de óculos e pela placa de entrada do estacionamento do prédio para que alguém pare para olhá-la?”



Léa 16/01/2012

Obrigada Tia!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Aprendendo a ensinar

Um antigo comercial dizia: " O mundo gira e a Luzitana roda". Acrescento: "e eu não saio do lugar..."

Em 1963, cursava o segundo ano do Curso Normal e era catequista na Paróquia do S C de Jesus, na Av Morumbi, Brooklin e foi ali que graças ao Pe. Bruno Turatto enfrentei minha primeira turma de alunos, no Curso de Alfabetização de Adultos, que funcionava numa sala da igreja.

O trabalho era voluntário, rendendo apenas pontos, o curso era mantido pelo governo do Estado, que fornecia o material didático e fazia a supervisão por meio da 8ª Delegacia de Ensino. Nossa supervisora na época era dona Zulmira e a delegacia localizava-se na atual av. Vereador José Diniz, próximo ao balão do bonde.

Assim, lá fui eu, com 17 anos, salto alto, roupa sóbria para parecer mais velha, brincar de professora diante de uma classe de 1ª série, com 30 alunos, onde o mais novo tinha 18 anos e o mais velho 44.

Lecionar sempre fora meu sonho e lecionar para aquela turma de adultos empenhados em traçar as primeiras letras apesar do cansaço da jornada trabalhada, era a realização do sonho.

Operários da construção civil, domésticas, vigias, ajudantes diversos, olhares atentos, sentados à minha frente, naquelas carteiras inadequadas, absorviam cada palavra, cada gesto meu, e a cada palavra decifrada, se emocionavam como crianças.

O mais velho, seu Alvin, um negro enorme, era motorista de caminhão em um depósito de materiais de construção, bem longe do Brooklin. Chegava sempre atrasado, meio alcoolizado e envergonhado. Um dia, após faltar uma semana, apareceu para se despedir. O caminhão morrera sobre a linha do trem e fora atropelado, só restando a cabine, por sorte, com ele dentro. Foi despedido e voltava para sua terra, Minas Gerais.

O mais novo, João, um jovem delinqüente, oriundo da favela do Buraco Quente tinha um caderno de desenho e rascunhava nele o tempo todo. Quando eu solicitava suas lições, me mostrava os desenhos pornográficos que fazia. Desenhava bem, um talento desperdiçado. Como todas as tentativas de fazê-lo entender que seu comportamento era inadequado foram em vão, acabou sendo expulso do curso pelo padre diretor.

Os outros alunos, com exceção do Carivaldo que até o fim só lia t–a = ta / t - u = tu / tatu, terminaram a Cartilha Caminho Suave e receberam o primeiro livro em outubro, com direito à festa, comes e bebes.

Foi uma experiência enriquecedora e determinante na minha vida, pois ao aprender alfabetizar com aquela turma de adultos, decidi tornar-me professora alfabetizadora e o fui até o fim de minha carreira.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Minha madrinha de Batismo

Fui batizada no dia 6 de janeiro de 1946. É dessa data a foto que ilustra o texto.

Minha madrinha era uma gaúcha, filha de escrava com português. Era mulata, alta, talvez da minha altura, cabelos levemente crespos. Quando jovem, sofreu muito com as insanidades da mãe, que bebia e tinha distúrbios mentais, a ponto de despejar o urinol sobre a cabeça de seresteiros que em noites enluaradas faziam serestas à sua janela, matando-a de vergonha.

Veio para São Paulo e casou-se com um belo jovem filho de portugueses, loiro de olhos azuis. Tiveram cinco filhos, todos tão diferentes um do outro, quanto o próprio casal. O primeiro Roberto, não conheci, morreu antes do meu nascimento, era negro, como seu ídolo no futebol: o Baltazar e esse era seu apelido no time da turma da criançada da Vila Indiana. Arrancou um dente, jogou futebol escondido da mãe – que estava no trabalho – a tarde toda, debaixo de um sol escaldante. Teve febre alta e foi constatado meningite. Quando o antibiótico chegou ao aeroporto de Congonhas ele já estava sendo velado. O segundo, Antonio, moreno, participava de campanhas políticas e acabou sendo agraciado com o cargo de fiscal de feira na eleição em que seu candidato saiu vitorioso. O outro, João, louro sarará de olhos azuis, era, com a mãe, padrinho da minha irmã Jussara.

Depois vinha a Cida, única filha mulher, morena e linda e por fim o Getúlio, que tinha esse nome em homenagem ao então “Pai dos Pobres”, Getúlio Vargas, que minha madrinha venerava, tanto que sempre manteve um retrato do ditador/presidente, num quadro, na parede da sala. Foi quando amamentava esse menino, no início da década de 40, que estreitou seus laços de amizade com minha mãe, cuja família já conhecia do bairro de Indianópolis.

Nessa época, dona Izabel, assim se chamava minha madrinha, era ama de leite de um menino filho de uma família judia do bairro. Chegou até eles por indicação do Dr. Maurício, pediatra da Cruz Vermelha, ali na atual Avenida Ruben Berta. Contava ela, que ao apresentar-se à mãe do garoto, prematuro, que se não se alimentasse de leite materno morreria, a mãe começou a chorar compulsivamente. Ela não entendeu nada, mas, mais tarde, soube através da própria mãe, que naquele momento temera que seu filho sendo amamentado por uma negra, se tornasse negro também e na manhã seguinte foi ao consultório do pediatra para tirar essa dúvida, fazendo-o rir muito. Tornaram-se amigas e minha madrinha sempre contou com a ajuda daquela família.

Como a patroa precisava de alguém para fazer-lhe companhia e ajudar com os cuidados do pequeno Bernard Claude, dona Izabel indicou minha mãe para a tarefa, que lá ficou até 1943 quando a família se mudou para a Brigadeiro Luiz Antonio e ela, estando para se casar, não acompanhou.

Dona Izabel e minha mãe permaneceram grandes amigas. Ela foi testemunha do casamento civil de minha mãe e quando nasci foi a escolhida para madrinha de batismo. Foi também madrinha de batismo da Jussara, minha irmã mais nova e de Crisma da Sid, a do meio, pois como concordavam as duas comadres, ela deveria ser madrinha de todas nós, tão grande era a amizade e consideração entre elas.

Enquanto viveu, sempre nos visitou atenta ao nosso desenvolvimento, presenteando-nos nos natais e aniversários, alegrando-se com nossas alegrias e solidarizando-se com nossas dificuldades. Foi ela também, junto com minha madrinha de Crisma, testemunha de meu casamento civil.

Lembro-me que todas as vezes que vinha em nossa casa, trazia um delicioso bolo de fubá com erva-doce e canela com açúcar por cima. Jamais experimentei um bolo de fubá tão bom como aquele. Embora tivesse apenas um rim, tomava caipirinha e cerveja, quando saía com as amigas. Curtir as amigas, sair a passeio ou às compras com elas, sempre se constituiu para ela motivo de grande prazer.

Meu padrinho faleceu quando eu tinha 4 anos, vítima de um infarto. Apenas me lembro dele abaixado, segurando minhas mãos, com o rosto bem próximo ao meu e aqueles lindos olhos azuis olhando os meus e dizendo que crianças têm o hálito dos anjos. Depois me mandava recitar a “Batatinha quando nasce”, que eu sabia de cor desde meu primeiro ano de vida e sorria satisfeito. No dia de seu velório, realizado em casa, me lembro de que as mulheres mais velhas não queriam deixar minha mãe, grávida, e eu por ser criança, vê-lo morto, mas como em nossa família nunca houve esse tabu, minha mãe levou-me para vê-lo pela última vez, mas não me lembro do que vi.

Depois disso, a vida de minha madrinha virou uma verdadeira batalha para criar os quatro filhos. Lavava, passava, fazia faxina, fazia crochê para vender e salgados para bares e restaurantes. Conseguiu fazer deles, pessoas de bem, honestas e trabalhadoras, que a apoiaram na velhice.

Quando idosa, embora humilde, vestia-se bem, sempre com roupas de cores alegres. Usava baton bem clarinho, pó de arroz Cashemere Bouquet e mantinha os cabelos, que eram bem curtos e completamente brancos, sempre com um tom azulado ou lilás, que realçava sua cor e dava-lhe um ar de distinção. Tinha bom gosto ao escolher suas águas de cheiro o que fazia com que fosse muito agradável abraçá-la.

Tinha escolhido e bem cuidado no guarda-roupa, o vestido longo com que deveria ser enterrada e um pedido à família: que não faltassem orquídeas em seu velório.

Pouco antes de ver o neto que ajudou a criar formar-se médico, faleceu devido a um câncer no estômago.

Ela vive em nossos corações, seja pelo tecido com que nos presenteou em determinado Natal e assim tivemos vestidos novos, seja pelo sagu de abacaxi que fazia e era a única coisa que minha mãe não gostava, ou pelo café, que gostava de tomar tirado diretamente do coador, fumegante... ou aquela toalha de crochê, que ainda resiste ao tempo... tantas pequenas coisas, que é difícil que se passe um dia sem que nos lembremos dela.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MOTIVAÇÃO

A atitude certa para começar o Novo Ano

Daniel Godri

Eu gostaria de mostrar para vocês uma sugestão de um líder fantástico, de um modelo fantástico:

Eu não quero falar da parte religiosa, da parte espiritual dele, nem é preciso!
Quero falar da parte humana.

Se você quer ser um funcionário fantástico, aprenda com esse homem. Esse homem ganhou uma missão do chefe dele, do líder dele, do pai dele, foi lá e cumpriu. Ele não quis saber se era fácil ou era difícil: ele foi lá e cumpriu. Você já viu alguém mais comprometido do que esse homem?

Se você quer ser um funcionário extraordinário aprenda com esse homem. É o funcionário mais extraordinário que alguém poderia ter.

E, se você quer ser um líder fantástico, se você quer ser um líder muito além da excelência, aprenda com esse líder.

Esse homem pegou 12 funcionários sem talento nenhum e fez deles pessoas que mudaram o mundo. Ele era um líder tão fantástico que conseguia lapidar o que as pessoas tinham de bom. Ele tirava o que as pessoas tinham de bom e fazia com que acreditassem que podiam ser melhores.

Esse líder conseguia fazer as pessoas se sentirem amadas. Nunca funcionários se sentiram tão amados como os funcionários desse homem.

E esse homem era um líder fantástico. Ele não ficava no ar condicionado, na tenda, não. Ele ia junto, ele acompanhava, ele sentia o mercado.

Você pode até não acreditar nesse homem, mas nós temos que admirar esse homem.

Esse homem é extraordinário. Ele conseguiu colocar o sonho no coração dos funcionários. Num lugar onde os funcionários não tinham nem condições de sonhar, nem de ter esperança, Ele foi lá e disse:

- Nós podemos mudar o mundo!

O nome mais procurado na internet mundial é o desse homem - Jesus Cristo - por que ele é um sucesso absoluto.

Vai ter dia em que você vai escorregar, vai ter dia em que você vai cair, e o que Ele veio lembrar é isso: que cada um de nós precisa acreditar mais em si mesmo, acreditar no país onde vive, acreditar na sua empresa, no seu trabalho, acreditar na equipe e acreditar em Deus.

Quando você acredita em Deus você pode cair um milhão de vezes. Deus vai te levantar um milhão e uma. Por que pra Deus não importa quantas vezes você cai, pra Deus importa quantas vezes você quer levantar.

E, acredite: você pode ser muito melhor do que você já é. Procure o topo, por que produtividade, qualidade, excelência são obrigações nossas. Deus nos fez para isso, pra sermos cada vez melhor, pra buscarmos o topo.

DANIEL GODRI: Presidente do IBMV - Instituto Brasileiro de Marketing e Vendas