Filha do Novo Mundo,nascida no Planalto de Piratininga
aos 25 de janeiro de 1554.
Curuminha batizada por Nóbrega e Anchieta,nas águas abençoadas do Tietê
e alimentada pelos generosos seios da Mãe Preta,
cresce sob os olhos atentos de Tibiriçá.
Curiosa, sonda além do horizonte da taba e,num descuido do cacique,
embarca numa chata.
Com Borba Gato, Manoel Preto, Fernão Dias,desvenda as entranhas do sertão.
Enfrenta adversidades, aprende patriotismo.
Volta forte.
Ares de liberdade fustigam-lhe o rosto.
Encantada por um príncipe encantador
conquista a independência às margens plácidas do Ipiranga,
não antes de entregar-se sob os lençóis do solar da marquesa.
Entre o leito e os saraus,conhece Castro Alves e José do Patrocínio.
Freqüenta a igreja dos homens pretos,nasce um ideal.
Perde o príncipe, perde o império.Deixa ir os cativos, casa-se com a República.
Recebe de braços abertos os que de além mar chegam com os presentes das bodas:
esperança, braços fortes,vontade férrea, suor e lágrimas.
Sagra-se Baronesa do Café e reina soberana sobre o espigão.
Aristocrata recepciona os condes,para o nhoque da fortuna.
Fortuna das fábricas.
Passeia de bonde sob a luz frouxa dos lampiões de gás.
Desfila no corso ao som do “Abre Alas”.
Em 22 ilumina-se sob o brilhantismo dos Modernistas.
Em 32, pranteia os filhos mortos.
Em 54, desfila sob a chuva de prata e o caloroso aplauso da multidão.
Veste-se da arte para a festa.
Recebe o MASP, o Ibirapuera, a Bienal e o Obelisco onde
Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo
descansam em paz.
Edifícios elevam-se a alturas nunca antes sonhadas.
Chaminés despontam no horizonte.
A fumaça anuncia que o progresso se instala definitivamente.
O metrô rasga-lhe o seio integrando-a de norte a sul, de leste a oeste.
Parques florescem brindando crianças e namorados com cores, aromas, sons e prazeres.
Primeira dama do Brasil,
quiçá da América Latina, seu coração pulsa desordenado
no peito financeiro da Pátria.
A mais Paulista das avenidas.
Vê os filhos seus sofrerem com as mazelas da sociedade,
mas sabe que, nestes seus 458 anos, ainda é uma jovem senhora
com fé e coragem suficientes para arrancar de dentro de si
as forças para enfrentar e sanar os males que a afligem.
Com altivez e galhardia,
reúne os filhos de todas as raças, cores, credos, condições e origens,
para jubilosa, comemorar mais este aniversário.
Parabéns São Paulo!
Lidia Walder
Fotos: algumas dos meus arquivos, outras da internet.
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