Quando era criança a chegada do mês de junho representava, depois do Natal, tudo de bom que pudesse desejar.
Era o mês dos aniversários meu e da minha irmã, o que significava ter o privilégio de comer por duas semanas seguidas o delicioso bolo branco, que só minha mãe sabia fazer, recheado com morangos, coberto com glacê de suspiro, coco e bolinhas prateadas. A festa se resumia na família à volta da mesa, no bolo com as velinhas, aquelas fininhas, tantas quantas os anos de vida e o "Parabéns a você".
Depois dos aniversários começava, já no dia 13, com a festa de Santo Antonio, o ciclo das fogueiras, fogos, balões, quentão, batata doce assada na brasa e outros quitutes. Um dia em nosso quintal, outro num vizinho e assim a brincadeira corria solta até a esperada véspera de São Pedro, aniversário de casamento de meus avós Luiz e Deolinda.
Nesse dia, enquanto minha avó preparava o quentão, as batatas e outros comes e bebes, meu avô, homem de poucas palavras, arrumava a fogueira e providenciava os fogos. Meu tio, depois os primos, faziam lindos balões com folhas de papel de seda colorido, coladas com goma arábica. A tocha, de saco de estopa com parafina e breu, amarrada com arame fino e embebida em querosene, elevava-os às alturas. Não se falava em proibição naquela época e nosso bairro se resumia a raras residências.
Ao encontrar meu príncipe encantado descubro que também ele aniversariava em junho, entre Santo Antonio e São João e nos casamos num dia 26 de junho.
Os anos se passavam e junho continuava sinônimo de festa, até que em 1988, num dia 4, perdemos um filho, e a partir daí, as festas continuaram a ser vivenciadas, pois a vida continua, mas acrescidas de uma pitada de dor. Mas, talvez para nos dar uma cutucada, foi também num 4 de junho, que nos nasceu uma neta, a terceira de nossos 9.
Hoje, entre aniversários, lembranças, novenas do Sagrado Coração de Jesus e festas juninas, quase nem percebemos esse mês passar, mas sempre saímos dele intensamente marcados pelas emoções.
também gosto do mes de junho... apesar de ter perdido meu amado vô Joanin em junho e alguns anos depois por um dia de diferença meu pai, seu primo, que tanto lhe admirava, dentre outras coisas por ser a prima professora. Lembro bem da alegria que era vê-los fazendo os balões e depois a expectativa deles cortando ceu. (eles eram policamente incorretos) mas eu lembro do sorriso dos meus amores com suas artes coloridas!!! (não sei se na sua historia, eram eles que faziam parte) só sei que foi assim que comecei a gostar da festas juninas. Vivas os Santos, viva a alegria dessas festas e abundancia de comidas boas e as histórias que temos em comum.
ResponderExcluirQuerida Regiani, lembrei deles ao escrever e também da minha avó Deolinda e do tio Luiz, irmão do meu pai que faleceram em junho... Como vê junho é mesmo um mês muito especial.
ResponderExcluirlinda a crônica e sua história de vida.
ResponderExcluirBj
Esther