sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Dizer adeus é preciso




Dizer adeus não é fácil, mas chega um momento em que é preciso. É preciso dizer adeus, aprender a por pontos finais, fechar capítulos, encerrar etapas da vida… Mas para isso, é preciso ter coragem e convicção, porque dizer adeus é se desapegar.

E como a vida é uma sucessão de perdas, saber se desapegar é essencial para o bom viver, ainda mais quando aqueles de quem a gente se desapega estarão muito melhor do que estiveram até então conosco.

Depois de 15 anos, Odete e Roberto Carlos – na verdade dois Robertos Carlos, irão morar na casa de grandes amigos, pessoas sensacionais:  Danieli, Vagner e filhos, a quem serei eternamente grata, onde, com certeza, acharão suas metades da laranja e serão felizes para sempre.

Obrigada lindinhas pela companhia que me fizeram e, embora não falassem, prestavam muita atenção em mim.

sábado, 20 de junho de 2015

Fernando de Noronha, um lugar para quem sabe o que quer



Aposentada, vivo para curtir a família, me alimentar bem e de forma saudável, participar das atividades na paróquia e viajar.  Sempre gostei de passeios ecológicos, viagens para apreciar a natureza, especialmente em lugares próximos ao mar. Ah! O mar! Minha grande paixão. 


É claro que Fernando de Noronha fazia parte dos meus sonhos, mas me parecia tão distante, que ficou guardado num cantinho escondido do coração até que meu amigo Marco abriu a portinhola. Aí não teve quem nem o quê segurasse.

Como ia para Natal, estava a meio caminho.  Comprei as passagens e a estadia numa pousada pela internet. Um grande passo para alguém como eu, que nunca se lançou a aventuras sozinha e ainda mais em lugar totalmente desconhecido.  Pesquisei sobre a ilha, natureza, passeios.  A cada dia que passava a ansiedade crescia. 

Finalmente chegou a hora e, no aeroporto sou apresentada à aeronave que me levaria às alturas: um avião bimotor. Não era o que eu esperava. Agora era rezar pra que aquelas hélices enormes funcionassem.





Na chegada, a visão do Morro do Pico parecia fazer parte do aeroporto, mas como descobri depois, sendo a ilha pequena e o morro seu ponto mais alto, parecia fazer parte de qualquer lugar em que a gente estivesse. Lindo!



Os habitantes locais, simples e atenciosos sem rapapés, me faziam sentir como se estivesse em casa e, sendo a ilha totalmente segura, sentia-me livre para ir e vir sem temores.

Fiquei por lá seis dias. Dias maravilhosos repletos de surpresas e emoções nunca antes sentidas. Fiz passeios em grupo, tomei banho em piscinas naturais compartilhadas com peixes coloridos, caminhei pelas trilhas da ilha, completamente só, feliz, meditando a grandeza da Criação. Viajei no tempo, fotografando entre as ruínas de fortes do tempo da colonização. Senti o peso do cárcere, atrás das grossas e úmidas paredes de pedra das prisões, orei numa igreja seiscentista.

















Muito além do que esperava, as coisas iam acontecendo e entre tantas surpresas, a oportunidade de participar da abertura de um ninho de tartaruga marinha, ver mais de cem filhotes correrem para o mar tendo como cenário um por de sol indescritível e poder gritar com as crianças da escola que ali estavam, para espantar as fragatas que buscavam seu jantar.






Noronha não é um lugar para turismo tradicional. Noronha é um mundo à parte, um estado de espírito, para ser sentido, absorvido, amado, na simplicidade do que resta de sua pureza intocada. 




domingo, 14 de junho de 2015

Parabéns Cacau!

Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? (Lucas 15, 4)



Por volta de 2005/2006 conheci o Cacau – José Carlos. Bêbado, vivia na calçada da igreja que frequento, num estado de degradação, fácil de imaginar, visto não sair do lugar para nada, fizesse chuva ou sol.  Não incomodava ninguém. Às vezes pedia um café, uma ajuda para o almoço ou algo que precisasse, mas que não durava, visto seu total descontrole.

Por sua boa índole, chamava a atenção e os Vicentinos da paróquia se propuseram a ajuda-lo como é de seu hábito. Tentaram a primeira internação que em nada resultou. Ele voltou à rua. Mas, como ele mesmo diz, “que tudo pode n´Aquele lá de cima”, percebeu que a vida na rua estava insustentável , pois conhecera coisa melhor. Procurou um dos vicentinos e pediu uma segunda chance. Sumiu da rua, ficou internado por muito tempo. Quando voltou, era outra pessoa.

Apareceu na igreja, onde aos domingos ainda olha os carros e procurava cada pessoa com quem tivera contato no passado, cumprimentava com carinho, mostrava-se curado, agradecia a Deus e a cada um que contribuíra para isso.

Cada fim de semana, ao ver-nos, alegremente vinha dizendo: “tenho mais uma boa notícia para você: estou trabalhando registrado”, ou “comecei a estudar, estou no supletivo”´, “conheci uma moça e estou noivo, olha a aliança”.

No último mês de abril, me abordou na entrada da igreja para mais uma boa notícia, convidar para seu casamento no dia 16 de maio. Senti-me honrada e expliquei que estava de passagem comprada para uma viagem. Dei-lhe meu presente e rezei por ele.

Hoje, ao ver-me veio correndo com o álbum do casamento nas mãos, que mostrava para todos os amigos, como ele diz. Perguntei se podia copiar uma foto, ele escolheu as que eu “deveria” copiar e publicar, pois era mais um testemunho do poder de Deus na vida dele. Abracei-o e agora faço o que ele me pediu, transmito o seu testemunho.

Será que preciso dizer que estar a serviço do Senhor na pessoa do irmão, é maravilhoso?

Obrigada queridos vicentinos!


Parabéns Cacau!



segunda-feira, 11 de maio de 2015

Natal, 11 de maio de 2015


Há exatos 30 dias do meu aniversário de 70 anos, estou em Natal - RN, passando uns dias com meu neto Cláudio, que se formou no ensino técnico. Curto sua companhia, da esposa Taís, uma graça de pessoa e acompanho de perto seu dia a dia, sua luta rumo à conquista de suas metas, muito bem definidas, o que me enche o coração de alegria.

Daqui, sigo para Fernando de Noronha, para uma breve estadia, presente de aniversário que me dei. Confesso que estou ansiosa e cheia de dúvidas, pois pela primeira vez assumo um passeio por completo, sem a intermediação de agência. Vou por mim mesma, como se diz. Ansiosa mas não temerosa, como seria há alguns anos. Escolhi  esse período pois foi quando consegui bons preços de passagem e estadia.

De lá volto a Natal para então curtir com muita calma, a companhia do Walter, meu filho da esposa Káthia, do pequeno Tê, o caçula daqui, não tão pequeno assim, já com seus catorze anos, um mocinho. Também estarei com a Camila, minha neta, seu esposo Rômulo e o pequeno - este pequeno mesmo - Artur Miguel, meu único e lindo bisneto, agora já com dois anos de idade.

Em razão da distância, pouco  nos vemos, mas muito nos amamos e espero que esses encontros sejam momentos para matar saudades, saber das novidades, relembrar coisas boas, ajustar meus rumos e voltar com a alma renovada.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Natural, natureba, relaxada...

Exemplo


Falta do que fazer é um problema. Os antigos já diziam que  mente vazia é oficina do diabo. Pode ser... Por conta de um final de gripe que resultou em faringite aguda e tosse insuportável, contrariada, me recolhi à minha insignificância para repousar, enquanto os medicamentos fazem efeito. 

Não é  meu perfil a ociosidade, preciso estar fazendo... Inventando moda... Então, pra ficar quieta, navego na internet em busca de algo interessante que me prenda e, de repente, me deparo com uma nota de 2013, que me leva a uma divagação.

A nota:

“IBGE aponta que brasileiro gasta mais com beleza do que com comida

As vendas de cosméticos crescem aproximadamente 13% ao ano. Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE revelou que o brasileiro gasta mais com beleza do que com comida. 

Segundo o levantamento, dos R$ 43,4 bilhões que os brasileiros gastaram comprando produtos de higiene, beleza e cuidados pessoais em 2011, R$ 19,8 bilhões foram desembolsados pela classe C. 

Brasileiros com renda entre dois e dez salários mínimos gastam 1,3% do que ganham mensalmente para cuidar dos cabelos e das unhas. É quase o dobro da despesa com arroz e feijão (0,68%). Os gastos com shampoo, condicionador, maquiagem (1,46 do salário) chegaram a ser quase a mesma coisa que se gasta com carne (1,73%).

É certo que quando eu era criança e adolescente, mesmo que quisesse não poderia gastar com beleza, mal tínhamos para comer, vestir  e manter as crianças na escola – coisa que dona Maria Aparecida Walder  não abria mão. Ela, sempre teve um baton, um potinho de pó de arroz e um frasco de Leite de Colônia, que duravam meses,  na gaveta,  junto ao pente e, era esse todo seu arsenal de beleza. E ela era linda. Sua pele sempre longe do sol, perfeita até a morte. A sua maior vaidade era, fazer  permanente no cabelo, uma vez por ano. Presente de aniversário.

Para as novas gerações, falar em lavar o cabelo com sabonete, o mesmo do banho, usar água com vinagre como condicionador (também como amaciante de roupas), traz aos rostos expressão de nojo. Mas era assim e pronto!

Não mudei muito. Só vou ao salão de beleza de um amigo do bairro,  para cortar o cabelo, que ainda é original de fábrica até na cor e lavado somente com sabonete sem hidratante devido à alergia. Quando está seco ou sem brilho, enxáguo com água e vinagre de vinho, meio a meio. Mãos e pés eu mesma faço e nunca  pintei olhos ou sobrancelhas.  

Na mesma  gaveta da minha mãe, tenho desodorante, hidratante, pó compacto, protetor solar e baton e é tudo. Gosto de sol, mar, vida ao ar livre, por isso, ou por não usar Leite de Colônia (!), não tenho a pele perfeita como a minha mãe. 

Quanto ao investimento para adiar o envelhecimento do exterior, considero-o 
efêmero. Mais dia, menos dia, a pele enruga, tudo cai, só a gengiva retrai e aí? O que fica é apenas o que foi investido na saúde, nossa beleza interior -  como diz o Dr. Fabrício, meu cardiologista - e a que conta.

Não considero esse meu modo de ser uma virtude, como não acho defeito  o contrário.  Apenas sou assim. Não brigo com o espelho, me aceito como sou, jamais e por ninguém seria diferente. Mas considero absurdo pessoas de poucas posses gastarem com beleza, muitas vezes em detrimento de uma alimentação mais saudável.

Voltando à nota do IBGE,  se a indústria de cosméticos dependesse de pessoas como eu, estaria falida há muito.

E por falar nisso, aí vão algumas dicas de beleza sem sair da cozinha:

1 - Amaciante e branqueador para as mãos e pés
Sumo de um limão
1 colher de sobremesa de açúcar
3 gotas de azeite de oliva
Misture bem e massageie demoradamente as mãos e os pés. Enxágue com água mineral. Ficam limpos e macios.

2 – Condicionador
½ copo de vinagre de vinho (comum)
½ copo de água mineral 
Despejar no couro cabeludo e nos cabelos lavados, massagear um minuto e enxaguar com água mineral morna ou fria se suportar.

3 – Limpeza e esfoliação do rosto
1 colher de sopa de abacate amassado
10 gotas de sumo de limão
1 colher de sobremesa de açúcar
Massagear o rosto  até que os grânulos do açúcar desapareçam, aplicar o restante da mistura e deixar secar.
Lavar com água mineral.

Obs.: Sempre nos enxágues, água mineral, por não conter cloro.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Pedra que não rola...

BONITO - MS - RIO FORMOSO




De Portugal nos vem o provérbio:  “ Pedra que rola não cria limo (musgo, mofo, conforme a região)”. Provérbio que  pode ter duas interpretações.

Uma explica que  como o limo (musgo, mofo) não tem tempo de se formar sobre um pedra em movimento, também a versatilidade e a inconstância, não permitem capitalizar bens, saber, sabedoria.

Outra diz que o que está constantemente em movimento não estagna, não decai. Nesta interpretação, sugere-se uma valorização positiva da ideia de mudança.

Pensando nessas reflexões durante os passeios, conclui que mesmo que não rolem, às rochas gigantescas das margens e fundo dos rios, também se aplica o provérbio, pois as das margens, menos desgastadas, são cobertas de limo e escorregadias e aquelas que se deixam lavar pela correnteza são lisas,  limpas, permitindo que se ande sobre elas com segurança.


Assim, criei meu próprio provérbio: ”Na vida, somos como as pedras: apegados à margem  nos tornamos mofados, escorregadios. Integrados à correnteza,  lapidados, temos vida plena com  todas as suas consequências”.






terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Velha sem noção!



Um rio. Não um simples rio. O Rio da Prata. Largo, límpido, caudaloso, quase intocado, com os cardumes à vista e os Dourados reinando sobre eles. Balneário Municipal de Jardim – MS.


 O leito se estreita, uma cachoeira se avizinha e despeja as águas por vários sulcos cavados entre as rochas formando corredeiras vertiginosas.



Uma corda de poucos metros une as margens, presa nas rochas, a poucos centímetros do nível água. É ali que o melhor acontece, para poucos, para quem confia na eficiência de suas braçadas ou para quem como eu, tem anjos sem asas que incentivam a tresloucada aventura e zelam pela segurança.


Nadamos à margem oposta e para voltar necessário se fazia atravessar a corredeira. Todos jovens, pularam, uns segurando os outros e lá fiquei na margem. À minha frente, Artur, Cynthia, Bruna e Júnior, com seus sorrisos lindos, de mãos dadas, lutavam com a correnteza e gritavam em coro: “pula vó! Pula! A gente te pega!”.

Hesitei e pulei. 

Em segundos a mão forte da Bruna me segurava e punha em pé. Todos riam. Eu chorava de emoção e beijava meus salva vidas. Agora faltava atravessar a corredeira mais larga segurando a corda. A força da água anestesia os músculos. Só dependia das mãos e da ajuda de alguém para sair do turbilhão do outro lado. Fantástico. Adrenalina pura.

Como se não bastasse, na semana seguinte voltamos ao Balneário de Jardim, agora mais “experiente” e acompanhada de filha e netos, lancei-me em novas aventuras. Saltar a corredeira pulando e segurando na corda, nadar até onde dá pé, mergulhar na correnteza mais forte e se deixar levar rio abaixo, nadar até a plataforma de saída, e quase sem fôlego ouvir a neta pedir: “vamos de novo vó!”. E lá íamos nós.


Jamais imaginei que na contagem regressiva da vida, teria saúde e coragem para tanto e que fazer essas artes poderia ser tão bom. Obrigada Senhor!