sábado, 4 de fevereiro de 2012

Um ano sem minha mãe

Hoje completo um ano sem minha mãe. Um ano que ela, debilitada em diversas de suas funções físicas e psicológicas, deixou a velha morada terrena que carregou durante oitenta e sete anos, três meses e nove dias e voou livre das dores deste mundo para o Lar Eterno. Fato corriqueiro e esperado, mas que ainda incomoda demais.

Um ano que não deixei de me pegar atenta ao chamado dela nas madrugadas: “Mãe, quero fazer xixi...” Sim me tornei sua mãe nos últimos meses. ”Mãe, você é tão engraçada!” E ria para mim, quando no banho, lavando-lhe os cabelos, cantava Por una Cabeza, meu tango preferido. E dali, do banho, íamos para frente da TV, todos os dias, infalivelmente assistir à Missa da Rede Vida. E ela, que nem as filhas reconhecia , acompanhava sem esquecer as orações nem as letras das músicas.


Não recusava convite para uma saidinha de carro e observava as árvores floridas com encantamento infantil. E agora, as árvores estão todas floridas por aqui e ela não está ao meu lado para exclamar: “Que maravilha!”.


Um ano que “naquela mesa está faltando ela”, para elogiar a refeição que eu preparo. Tudo para ela era bom, “uma delícia!”.

Às vezes teimava e era necessário impor-lhe certas diretrizes, como a uma criança. Ela reagia com mansidão, pedindo que não a deixasse nervosa. E pra tudo e pra todos era “muito obrigada”, “Deus o abençoe”. E essas foram suas últimas palavras, quando finalmente a acomodei para dormir, na última noite que falou.

Naquela madrugada perdeu a consciência e foram 20 dias do mais triste silêncio que já presenciei.

Hoje à tarde, estarei na sua Missa de um ano de falecimento, sentada no mesmo banco que durante anos ela escolheu e ao final do Pai Nosso vou chorar a falta do aperto de sua mão na minha, mas sei que muito mais do que eu, ela estará junto ao Pai orando por suas meninas, como sempre fez.

 

Permaneceu linda  até o fim, curtiu demais suas flores e  sempre que convidada, me acompanhou nas minhas aventuras.

3 comentários:

  1. Comovente!!!!!como sempre emocionando com seus belos e bem escritos textos!!!!parabens!!

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  2. Lidia minha amiga, sei bem o que é esse vazio dentro do peito, a saudade eterna.
    em janeiro completou 11 anos que minha mãe se foi e sinceramente não passo um dia sequer sem pensar nela, sen-
    ti- la em tudo e em todas as coisas do meu dia. Saudade eterna.
    que linda essa sua homenagem à sua mãe

    abraço grande

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