Ontem, ao organizar uns guardados – não sou de muitos guardados, mas alguns são especiais – encontrei alguns do último ano em que lecionei na escola estadual: EEPG César Martinez, Moema, São Paulo.
1998. Uma turma de 4ª série (hoje seria 5ª) do ensino fundamental. Turma organizada após o remanejamento aconselhado pelas diretrizes e bases da educação de então, composta por crianças com expressiva dificuldade de aprendizagem.
Na sala, alunos desde 11 até 16 anos. Crianças, sim, crianças. De lares humildes, em sua maioria dóceis, esforçadas e que respeitavam os mais velhos.
Sempre tive por hábito, no início do ano, desenvolver atividades para verificar o estágio do conhecimento dos alunos, para, a partir daí dar prosseguimento aos estudos. De nada adianta ensinar a matéria da 4ª série, se o aluno não está alfabetizado, é tempo perdido e, ao fazer a triagem, deparei-me com muitos desafios a enfrentar, mas em especial Dalila, uma menina de quinze anos, recém-chegada do nordeste, que apenas dominava as sílabas simples e mal sabia o que era uma subtração sem reserva. Mas, tinha ânsia de aprender. Esforçava-se tanto, que conseguiu fazer três séries em uma.
Trabalhamos muito aquele ano. Também cantamos, dançamos e fizemos teatro e, ao término do período letivo, contrariada, fui obrigada a permitir que alguns alunos despreparados fossem para a série seguinte, era a lei, ora a lei! Mas entre tantas outras, tive a grande satisfação de encaminhar Dalila para a 5ª série, se não completamente preparada, porém com a autoestima massageada, com a certeza de que era capaz.
No último dia de aula entregou-me o cartão que ilustra o texto. Há erros? Sim. Mas quantos alunos de 5ª série de hoje, do ensino público, escrevem como a Dalila?
Humpf!!! Nao fui teu aluno…Que nenhum professor que eu tive veja isto. Bobagem!!! Passei a noite lendo/vendo o teu blog e me faltam palavras. O fato e: Nao ha servico mais belo que o de um professor. Que todos os professores saibam isso. Sim, sinto-me seu aluno!!!
ResponderExcluirObrigado!!!
Prezado anônimo, antes de tudo, gostaria de saber seu nome. Agradeço por ter gasto seu tempo com meu blog, me sinto honrada. Honrada também por receber a atenção de alguém que valoriza o trabalho (eu entendo como missão) do professor. Depois dos fundamentos do lar, é na escola que a formação do cidadão acontece e hoje, acho que nem mesmo os professores - tão desvalorizados que são - têm a noção da grandeza de seu mister. Tenho certeza que gostaria muito de ter sido sua professora. Abraço
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