Morei na Avenida Macuco até os quatro anos e meio. Não sei como começou, mas o que lembro é que o senhor Mário, um de nossos senhorios, que eu chamava de vovô, me perguntava o que eu queria ser quando crescesse e sempre respondia: “professora”. Fico a imaginar de onde tirava essa afirmação.
O vovô Mário era professor aposentado e pastor metodista. Teria ele me influencida com suas histórias? Ou seria minha mãe, com o prazer que demonstrava ao me ensinar as primeiras letras enquanto realizava as tarefas domésticas? Quiça a professora da Escolinha “Yara Maria” (nem sei como lembro esse nome!), por onde passei pouquíssimo tempo, mas o suficiente para, aos quatro anos surpreendê-la com a afirmação categórica de que a vitamina da maçã estava na casca, quando gentilmente ofereceu-se para descascar a fruta que levava de lanche.
Pedro Nava esreveu em Balão Cativo: “é impossível restaurar o passado em estado de pureza. Basta que ele tenha existido para que a memória o corrompa com lembranças superpostas”, assim, escrevo o quê e como me vem à memória, sem a preocupação da averiguação de verdade absoluta, mas o fato é que eu realmente queria ser professora e sabia o que era ser professora: ter uma lousa, giz e alguém à frente para ensinar, fosse o que fosse. Vacação, talvez...
Sempre fui muito boa aluna, num tempo em que se rotulavam as crianças (com a melhor das intenções), sempre estive na seção A, com medalhas e fitas verdes amarelas no peito e, citada como exemplo pelos professores. Ia para a esola com prazer, amava e respeitava meus mestres e curtia muito as amigas, mas para dizer a verdade, não gostava muito de estudar, apenas tinha um objetivo claro à frente e para atigí-lo todos os esforças eram apenas circunstâncias transitórias.
Aos catorze anos preparei em um mês, minha irmã para o exame de admissão ao ginásio. Ela passou bem classificada. Considerado um grande feito pelos meus professores, mas nada demais ante a inteligência privilegiada da mana que hoje é cientista. Mas amei cada minuto de aula que ministrei àquela pobre criatura de 10 anos que submissa satisfazia minha gana de torturá-la com enormes quantidades de tarefas que ela cumpria docilmente. Foi minha primeira aluna e daí nasceu a idéia de preparar outras crianças para o exame de admissão e dar aulas particulares para obter recursos financeiros para ajudar nos estudos, no enxoval...
Aos dezessete anos, antes de me formar, assumi uma classe do Curso de Alfabetização de Adultos, que funcionava na igreja Sagrado Coração de Jesus. Uma primeira série composta de esforçados trabalhadores que à noite tentavam reuperar o tempo e os conhecimentos não adquiridos na infância. Uma experiência única e gratificante.
Minha formatura no Curso de Formação de Professores Primários foi em 19 de dezembro de 1964, no Instituto de Educação Professor Alberto Conte, uma instituição modelo do ensino oficial do Estado de São Paulo. Finalmente era professora com diploma e anel e mister se fazia conseguir uma classe para exercer a tão sonhada profissão/missão.
O vovô Mário era professor aposentado e pastor metodista. Teria ele me influencida com suas histórias? Ou seria minha mãe, com o prazer que demonstrava ao me ensinar as primeiras letras enquanto realizava as tarefas domésticas? Quiça a professora da Escolinha “Yara Maria” (nem sei como lembro esse nome!), por onde passei pouquíssimo tempo, mas o suficiente para, aos quatro anos surpreendê-la com a afirmação categórica de que a vitamina da maçã estava na casca, quando gentilmente ofereceu-se para descascar a fruta que levava de lanche.
Pedro Nava esreveu em Balão Cativo: “é impossível restaurar o passado em estado de pureza. Basta que ele tenha existido para que a memória o corrompa com lembranças superpostas”, assim, escrevo o quê e como me vem à memória, sem a preocupação da averiguação de verdade absoluta, mas o fato é que eu realmente queria ser professora e sabia o que era ser professora: ter uma lousa, giz e alguém à frente para ensinar, fosse o que fosse. Vacação, talvez...
Sempre fui muito boa aluna, num tempo em que se rotulavam as crianças (com a melhor das intenções), sempre estive na seção A, com medalhas e fitas verdes amarelas no peito e, citada como exemplo pelos professores. Ia para a esola com prazer, amava e respeitava meus mestres e curtia muito as amigas, mas para dizer a verdade, não gostava muito de estudar, apenas tinha um objetivo claro à frente e para atigí-lo todos os esforças eram apenas circunstâncias transitórias.
Aos catorze anos preparei em um mês, minha irmã para o exame de admissão ao ginásio. Ela passou bem classificada. Considerado um grande feito pelos meus professores, mas nada demais ante a inteligência privilegiada da mana que hoje é cientista. Mas amei cada minuto de aula que ministrei àquela pobre criatura de 10 anos que submissa satisfazia minha gana de torturá-la com enormes quantidades de tarefas que ela cumpria docilmente. Foi minha primeira aluna e daí nasceu a idéia de preparar outras crianças para o exame de admissão e dar aulas particulares para obter recursos financeiros para ajudar nos estudos, no enxoval...
Aos dezessete anos, antes de me formar, assumi uma classe do Curso de Alfabetização de Adultos, que funcionava na igreja Sagrado Coração de Jesus. Uma primeira série composta de esforçados trabalhadores que à noite tentavam reuperar o tempo e os conhecimentos não adquiridos na infância. Uma experiência única e gratificante.
Minha formatura no Curso de Formação de Professores Primários foi em 19 de dezembro de 1964, no Instituto de Educação Professor Alberto Conte, uma instituição modelo do ensino oficial do Estado de São Paulo. Finalmente era professora com diploma e anel e mister se fazia conseguir uma classe para exercer a tão sonhada profissão/missão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita. E por favor, deixe seu nome para que possa agradecer individualmente.