Gabriela Mistral,
Poetisa chilena (1889-1957)
Toda natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco.
Onde houver uma arvore para plantar, planta-a tu;
onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu;
onde houver uma tarefa que todos recusem, aceita-a tu.
Sê quem tira a pedra do caminho, o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.
Há a alegria de ser sincero e de ser justo;
há, porém, mais que isso, a imensa alegria de servir.
Como seria triste o mundo se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!
Não te seduzam as obras fáceis.
É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro de pensar
que só tem merecimento as grandes obras;
há pequenos préstimos que são bons serviços:
Enfeitar uma mesa.
Arrumar uns livros.
Pentear uma criança.
Aquele é quem critica, este é quem destrói, sê tu quem serve.
O servir não é próprio dos seres inferiores:
Deus, que nos dá fruto e luz, serve.
Poderia chamar-se: o Servidor.
E tem seus olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta todos os dias:
– Serviste hoje?
COMENTANDO
Tão difundido esse poema da Gabriela! E tão belo e verdadeiro também! Fácil de ser compreendido, gostoso de ser declamado – mas difícil de ser vivenciado. Será por quê?...
Pode ser que tenhamos realmente o gosto pelos atos grandiosos e pelos aplausos.
Talvez queiramos evitar compromissos que exigem muito de nós.
Acredito que muitos simplesmente não creem que a felicidade possa ser encontrada
nas tarefas simples, humildes e cotidianas que a poetisa nos aponta.
Certamente existem também aqueles que em seu comodismo ou insen-sibilidade nunca sequer pensaram em experimentar a felicidade de servir.
Existe, todavia, o seleto grupo daqueles que servem alegre e espontaneamente, sem a menor preocupação em saber se são felizes ou não. São bem-aventurados!
Por fim fica a pergunta: em qual desses grupos cada um de nós se situa?
Pe. Luiz Carlos
lcnascimento50@gmail.com
Linda poesia! Gabriela, poetisa inspirada ao descrever gestos de pessoas que servem, por puro prazer e alegria de servir, e... anonimamente, com simplicidade! Fica sempre um pouco de perfume, nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas... Lídia, essa poesia retrata a tua pessoa. Tuas mãos estão sempre perfumadas e o teu rosto sempre iluminado por um sorriso! Bjs.
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