Ontem, ao organizar uns guardados – não sou de muitos guardados, mas alguns são especiais – encontrei alguns do último ano em que lecionei na escola estadual: EEPG César Martinez, Moema, São Paulo.

Na sala, alunos desde 11 até 16 anos. Crianças, sim, crianças. De lares humildes, em sua maioria dóceis, esforçadas e que respeitavam os mais velhos.
Sempre tive por hábito, no início do ano, desenvolver atividades para verificar o estágio do conhecimento dos alunos, para, a partir daí dar prosseguimento aos estudos. De nada adianta ensinar a matéria da 4ª série, se o aluno não está alfabetizado, é tempo perdido e, ao fazer a triagem, deparei-me com muitos desafios a enfrentar, mas em especial Dalila, uma menina de quinze anos, recém-chegada do nordeste, que apenas dominava as sílabas simples e mal sabia o que era uma subtração sem reserva. Mas, tinha ânsia de aprender. Esforçava-se tanto, que conseguiu fazer três séries em uma.
Trabalhamos muito aquele ano. Também cantamos, dançamos e fizemos teatro e, ao término do período letivo, contrariada, fui obrigada a permitir que alguns alunos despreparados fossem para a série seguinte, era a lei, ora a lei! Mas entre tantas outras, tive a grande satisfação de encaminhar Dalila para a 5ª série, se não completamente preparada, porém com a autoestima massageada, com a certeza de que era capaz.
No último dia de aula entregou-me o cartão que ilustra o texto. Há erros? Sim. Mas quantos alunos de 5ª série de hoje, do ensino público, escrevem como a Dalila?
Humpf!!! Nao fui teu aluno…Que nenhum professor que eu tive veja isto. Bobagem!!! Passei a noite lendo/vendo o teu blog e me faltam palavras. O fato e: Nao ha servico mais belo que o de um professor. Que todos os professores saibam isso. Sim, sinto-me seu aluno!!!
ResponderExcluirObrigado!!!
Prezado anônimo, antes de tudo, gostaria de saber seu nome. Agradeço por ter gasto seu tempo com meu blog, me sinto honrada. Honrada também por receber a atenção de alguém que valoriza o trabalho (eu entendo como missão) do professor. Depois dos fundamentos do lar, é na escola que a formação do cidadão acontece e hoje, acho que nem mesmo os professores - tão desvalorizados que são - têm a noção da grandeza de seu mister. Tenho certeza que gostaria muito de ter sido sua professora. Abraço
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