Com Damáris na Casa das Rosas em abril de 2007
Participo do www.vivasp.com, um site de memórias paulistanas, desde a sua criação em 2003 e desde então tenho vivenciado momentos de emoção e alegria, compartilhando memórias de vida e da cidade, recebendo demonstrações de carinho, conquistando amizades. Por causa dessa participação fui encontrada e pude reatar contato com pessoas que há muito não via. Conto um desses reencontros.
No dia 23 de março de 2007 recebi a seguinte mensagem de email:
“Oi Lídia, Tive uma surpresa agradável em descobrir seu e-mail em um comentário sobre o Senhor Roque Petroni, antigo farmacêutico do Brooklin. Eu conheci você na Legião de Maria. Não sei se você lembra. Por favor, ligue para tirarmos as dúvidas. Telefone. Damaris. Um abraço.”
Meu coração disparou. Era a Damaris, minha amiga e companheira da Legião da Maria, na Paróquia S.C. de Jesus, na década de 60.
Liguei imediatamente, conversamos, choramos e daí em diante mantivemos contato por email e telefone, até que combinamos de nos encontrar na Casa das Rosas, no encontro de abril, do vivasp.com. Conversamos bastante, colocamos mais de quarenta anos de nossas vidas em dia. Pura emoção!
Roque e Rita Petroni foram seus padrinhos, sobre os quais escrevi, assim, repassei seu e-mail para Gabriel Petroni (que foi meu aluno), filho deles, que por sua vez buscava informações para escrever sobre a mãe. Recebi então esta mensagem do Gabriel:
“Já entrei em contato com a Damaris, já conversamos, me contou muitas coisas que eu não sabia, ficamos de nos encontrar. Valeu !!! A tempo, preciso de depoimentos seus para adicionar a meus escritos.Acho que seriam valiosos. Bilé”.
O encontro entre os dois aconteceu e coincidentemente no mesmo dia, passando em frente à casa onde dona Rita morava, vi os irmãos Fábio, Cláudio e Gabriel no portão. Cumprimentei-os e Gabriel, emocionado, me falou do encontro.
Dias depois, Damaris me contou que pode, com emoção, lembrar-se durante a conversa, os bons momentos vividos junto à madrinha e o quanto de bem ela fez pela afilhada (como para tantos outros).
Damaris ficou fã do vivasp.com e apareceu no encontro seguinte, e, ao término, convidei-a para participar do “Orar cantando”, que aconteceria a partir das 20h, na igreja.
Ao chegarmos encontramos minha amiga, irmã Viviana e apresentei-as. Conversa vai, conversa vem, falando de nossas andanças pela vida, irmã Viviana disse que as freiras, também mudam muito, segundo as necessidades de suas ordens, assim, ela que é de Guarapuava no Paraná, já morou em Osvaldo Cruz interior de SP, etc...
Ao ouvir o nome Osvaldo Cruz, Damaris diz que tem lá alguns parentes – tio, primos... E um pouco mais de conversa vai, conversa vem, as duas descobriram que irmã Viviana era a enfermeira no abrigo de idosos, naquela cidade, onde seu João, 100 anos, tio de Damaris, solteiro e sem filhos, mora. E mais, irmã Viviana era quem cuidava dele enquanto lá estava, foi quem o encaminhou para a cirurgia de catarata e quem o acompanhou em todo o processo de recuperação.
Lágrimas brotavam nos olhos daquelas duas mulheres, tão diferentes, estranhas até então e agora unidas por um afeto comum e encantadas com as coincidências. E eu ali, de boca aberta, feliz e emocionada, por ser, de certa forma, responsável por aquele encontro e aquelas recordações.
Não houve o “Orar cantando”, o padre estava gripado, assim decidi dar uma carona para Damaris até a sua casa, no bairro de Cidade Dutra. Agora o melhor: Ela morava na mesma rua onde morei quando me casei.
Deixei-a em casa, dirigi por alguns metros e lá fiquei parada diante daquela casa, construída com tantas esperanças, onde tive e perdi minha escola e onde minha filha nasceu. Aí foi demais, desatei a chorar no meio da escuridão, com vista ainda, para o Autódromo de Interlagos.
Em maio de 2009 Damáris faleceu depois de uma longa e dolorosa luta contra o câncer.
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