“Música é a expressão da alma, o reflexo dos sentidos, a manifestação pura das emoções. A música é um espelho do que sentimos...”
Domingo passado assistia na TV, à Missa do Santuário do Pai Eterno e, em dado momento, cantaram uma música que gosto bastante, mas não lembrava toda a letra. Peguei meu livro de cantos e depois de por em dia a memória, fiquei ali, folheando aquelas páginas e associando as músicas com pessoas, fatos, locais por onde passei.
Vi minha sogra, com a fita do Apostolado da Oração, na missa do Padre João, lá em Americana, cantando: “Eu quisera, Jesus adorado, teu sacrário de amor rodear de almas puras, florinhas mimosas...”.
Na paróquia de Nossa Senhora Aparecida e São Roque, em Braz Cubas, Mogi das Cruzes, os jovens, um bom grupo de jovens, com seus violões cantavam empolgados: “Vem eu mostrarei o que ainda estás a procurar, a verdade é com sol e invadirá...”.
Meus filhos, coroinhas, lindos em suas túnicas vermelhas e batas brancas, acompanhava m a assembleia, animada pela Conceição e seu acordeão: ”É impossível não crer em ti, é impossível não te encontrar, é impossível não fazer de ti meu ideal.”.
Quando me casei, em 1965, ao meio dia, enquanto almoçávamos, ouvíamos a Rádio 9 de Julho, fechada, logo depois, pela ditadura militar e que está novamente no ar. O programa começava com um forte coral de homens entoando: “Vitória, tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás”.
Década de 70, auge das comunidades eclesiais de base e lá estávamos nós nas celebrações das periferias de Mogi das Cruzes. A opção pelos pobres e a conscientização de que sem pão é difícil ter fé, levava-nos a cantar nas reuniões dos grupos: “Para mim, a chuva no telhado é cantiga de ninar, mas ao pobre meu irmão, para ele a chuva fria...”.
Ainda nessa época todo casal católico engajado devia participar de um dos retiros do Cursilho da Cristandade. Fui também, contra a minha vontade. Estava grávida, passava mal e realmente não me sentia chamada naquele momento. Jamais esqueci o “Vou colher milhões de rosas brancas, para te entregar...” com a melodia de Bridge over troubled water, de Simon e Garfunkel, além do alegre hino oficial dos cursilhos:” De colores, de colores se vistem lós campos en la primavera...”.
De repente, cheguei a uma página que me surpreendeu. Nunca mais ouvi cantar aquela música. “Silêncio, silêncio, olhai o sacrário. A porta se abre já sai o Senhor...”. A Rosa Gentile – Rosinha – italiana, clara, olhos azuis, linda! Cantava-a muito bem.
Nascida na Etiópia logo depois da 2ª guerra veio com a família para o Brasil e foi minha colega de classe desde a 6ª série até o final do Curso Normal.Era soprano e a queridinha da professora de música, dona Clarice Canabrava.
Em todos aqueles anos que estudamos juntas no IE Prof. Alberto Conte, na missa da Comunhão Pascal do colégio, celebrada na catedral de Santo Amaro, na hora do ofertório, acompanhada apenas pelo órgão, ela se adiantava ao coral e entoava aquela melodia. Era o momento mais esperado da celebração e não havia naquela igreja quem não se emocionasse com sua maviosa voz.
Por onde andará nossa querida Rosa Gentile?
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