É engraçado, para não dizer triste, como estamos despreparados para receber turistas. Não sou uma viajante experiente, muito viajada, mas pelo pouco que tenho andado por aí, com olhar atento, vejo quão desperdiçado está o nosso potencial de belezas naturais, inexploradas ou exploradas mal e porcamente, só com vistas ao lucro imediato e sem senso de preservação e cuidado.
Mas o caso aqui não é esse. No hotel, os recepcionistas não sabiam informar sequer se havia restaurantes nas proximidades, além dos quiosques da praia, quanto mais fornecer informações sobre passeios, atrações locais, etc. Com nossa insistência, entregaram-nos um catálogo de fotos do litoral local. Escolhemos um que nos pareceu interessante e a informação era que se tratava de um restaurante à beira mar, localizado em um condomínio fechado, mas frequentado pelo público em geral.
Nomes do restaurante e condomínio anotados lá vamos nós em busca da linha de ônibus que passava por lá. No ponto, um jovem simpático orientou-nos e lá fomos em direção a Ipioca, 18 km em direção norte, no litoral de Maceió. Ônibus comum, parando em todos os pontos nos permitiu ver um pouco daqueles bairros e daquela gente.
- É aqui, informa o cobrador. Descemos e logo constatamos que não era ali.
- Mais 5 km - informa o segurança do condomínio.
Outro ônibus e vamos, agora não tão entregues à informação do cobrador. Incrível a falta de atenção do cobrador e motorista do primeiro ônibus. O empreendimento era anunciado em placas na estrada com 3 km de antecedência. Impossível não ver.
Na portaria fomos barradas, pois era terça-feira e nesse dia, o restaurante é reservado para excursões dos hotéis e estava lotado. Mas nossos recepcionistas não sabiam disso! Chegam dois rapazes, que como nós queriam conhecer a praia.
- É só conhecer a praia? Não vai poder entrar no restaurante nem para usar o banheiro... – alerta o segurança com certo ar de superioridade, e pede que nos identifiquemos na portaria.
Com sede e vontade fazer xixi, é claro, depois daquela viagem toda, seguimos rumo à praia, pensando que, para tudo dá-se um jeito, menos para a morte, porque ela já é o jeito final.
A praia, uma praia a mais do nosso belo nordeste.
Infringindo as regras daquele lugar, uma ambulante vendia água, que imediatamente comprei e alugava guarda sol e cadeira, desnecessários, visto haver uma bem construída escada pública e a sombra dos coqueiros. De resto, nada que o generoso mar não resolvesse.
Lanchamos nossos próprios petiscos, afinal uma mulher prevenida vale por duas, imagine duas mulheres! Conhecemos mais um pedacinho do nosso chão, compramos delícias típicas da região, e nos divertimos com o sistema de "desconto" da loja.
No caminho de volta, ainda pudemos fotografar, perdidos no alto de um morro, uma igreja, o busto e o marco indicativo de ser ali o local de nascimento de Floriano Peixoto, que dá nome àquele bairro. Tudo reunido em uma pequena praça, com mirante e vista para o mar. Detalhes bucólicos que não estão nos roteiros turísticos, e que nos revelam sem glamour, a singeleza de nossa terra e de nosso povo.
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