O dia prometia. Seriam 70 km em direção norte, ônibus
fretado e depois poder finalmente conhecer o projeto de manejo do peixe-boi
para reintrodução no seu habitat.
No caminho, os canaviais como cabeleiras ondulantes sobre as
colinas, compunham o cenário verde, iluminado pelo sol já alto, naquele
paralelo 9, que nos acompanhava debaixo do céu do mais profundo azul.
Aos poucos, casas esparsas, povoados típicos do nosso
nordeste se nos apresentavam à frente e revelavam sua gente, seus
costumes. Uma capela, uma igreja do século XVII, e estamos em São
Miguel dos Milagres, estado de Alagoas.
Um privilégio estar ali, caminhar sobre aquelas palafitas no
manguezal, observar os diferentes tipos de caranguejos coloridos, obras de arte
do Criador, à porta de suas tocas, a nos observar; atravessar o Rio Tatuamunha
e perceber na tranquilidade de suas águas e no olhar dos ribeirinhos, a certeza
da segurança para os moradores mais ilustres e mais frágeis: os peixes-boi
abrigados bem perto dali.
A embarcação - canoa, como a conhecem por ali, comporta oito
pessoas sentadas, o guia em pé na parte da frente e dois remadores atrás. Na
verdade, eles impulsionam o barco com varas, alternadamente apoiadas no fundo
do rio. As visitas ao santuário são limitadas a poucas pessoas/dia, que não
podem se aproximar da cerca interna, nem tocar na água ou nos animais, mesmo
que, os que já estão soltos, venham até o barco.
A expectativa era grande. Nem sempre é possível ver o
peixe-boi, mas como em todo o passeio, fomos privilegiados com a visão, não de
um, mas dois belos exemplares que se aproximaram do barco e nos emocionaram com
suas reviravoltas. Difícil mesmo foi ter que segurar e não abraçar aquelas
criaturas tão dóceis e indefesas, com seus 300 kg de peso.
Mas os privilégios não terminam aqui. Outros fatos fizeram daquele dia uma ocasião mágica.
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