Mais um Natal se aproxima e me vejo cercada de um lado pelas maravilhas de preparar o nascimento do Menino nas celebrações litúrgicas, que nesta época do ano são muito fortes e cheias de emoção e de outro, pelos apelos consumistas dos comerciais de TV que fazem da grande festa um momento de comprar, comprar, criando expectativas frustradas nas crianças menos favorecidas e tristeza em seus responsáveis, porque é humanamente impossível atender aos desejos suscitados pela propaganda e seria uma insanidade satisfazê-los.
É Natal. Embora minhas memórias dos natais vividos na infância com meus pais e irmãs e com minha própria família, marido e filhos, sejam todas boas, alegres, festivas, hoje, pelos atropelos da vida, sinto-me deslocada nesta época. Alegro-me com as pessoas que me cercam, mas não faço parte do lufa-lufa do cotidiano. Não faço compras, não preparo mesas recheadas de iguarias supérfluas para mim. Ofereço como nos outros 364 dias do ano minha presença àqueles que delas necessitarem, preparo um prato especial para alguém especial, colaboro mais efetivamente com alguma ação em prol de crianças em situação especial, procuro estar perto dos que amo, embora nunca seja possível reunir todos.
Não faço desta ocasião aquele momento depressivo por causa dos que já se foram. Não. Esses estão comigo todos os dias, com suas lembranças, sua falta, os fatos que marcaram suas presenças, os momentos alegres e os tristes, como é a vida. O que muda é o foco das recordações.
Agradeço a Deus por ter me dado pais que, apesar de sua condição humilde, nos proporcionaram natais maravilhosos, com a fantasia do Papai Noel, que nunca deixou de comparecer na noite santa e colocar presentes sob nossa árvore de cipreste, colhida pelo nosso pai e enfeitada com capricho pela nossa mãe. E é de cipreste, para mim, o cheiro do Natal.
Agradeço também por ter seguido esse exemplo e feito o mesmo, junto com meu marido, pelos meus filhos. E essa é a lembrança que levo esses dias: as crianças, pela manhã, ansiosas abrindo os presentes que o Papai Noel deixou.
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