Houve um tempo em que morei em Mogi das Cruzes.
Dessa época quero deixar aqui minhas memórias
Meu esposo tinha paixão pela política e sonhava um dia
candidatar-se a vereador. Muito bem relacionado na empresa e na comunidade,
entendeu que a hora havia chegado. Era o ano de 1982 e em 15 de novembro o
eleitorado brasileiro seria chamado a eleger os governadores que administrariam
seus estados pelo período de quatro anos, a contar de 15 de março de 1983. Uma
eleição histórica: a primeira eleição
direta para governadores de estado desde os anos 1960. Era o período da ditadura
militar.
Neste pleito valeria o "voto vinculado": o eleitor
teria que escolher candidatos de um mesmo partido para todos os cargos em
disputa (governador, prefeito, senador, deputado federal, deputado estadual e
vereador), sob pena de anular seu voto.
Candidatura consolidada era hora de fazer a campanha.
Confesso que nunca achei uma boa ideia essa decisão, mas era a escolha dele e
se não o fizesse passaria o resto da vida imaginando, e se....
Comícios feitos de cima do caminhão de um conhecido,
distribuição de material de campanha e de “favores”. Raros aqueles que se
propunham a ajudar por idealismo ou mesmo amizade. Os interesses falavam mais
alto a coisa estava ficando cara.
Não fui às ruas, trabalhava em casa confeccionando faixas e
cartazes com a ajuda das crianças maiores. Uma agitação até que interessante,
até o dia em que resolveram realizar uma reunião em casa para organizar os
grupos de trabalhos nas ruas. Esse foi
meu primeiro estresse da campanha.
Chovia muito naquela noite e a Rua Taiaçupeba embora desse
acesso à Usina de Asfalto do “Boy”, ainda era uma lama só. As pessoas que
chegavam recebiam o lanche que preparamos e acomodavam-se em nossa sala como
podiam.
De repente, a sala estava lotada! Havia gente sentada em cadeiras, em mesinhas,
degraus, nos sofás e no encosto dos sofás com os pés cheios de lama no assento.
Uma cena que jamais imaginaria ver. E pior: ter que limpar!
Com a perspectiva de uma votação expressiva para o candidato
do partido ao Governo do Estado – André Franco Montoro, os peemedebistas
achavam que o voto vinculado levaria à vitória um dos seus três candidatos a
prefeito: Rubens Magalhães, presidente
do Diretório Municipal do PMDB, Aécio Yamada (que tiraria dividiria votos da
colônia japonesa com Junji Abe) e o professor Waltely Aquino de Oliveira cujo
vice era o promotor público e professor
universitário Antônio Carlos Machado Teixeira (advogado da Elgin Máquinas).
Devido à força política do prefeito Waldemar Costa Filho,
meu marido, como boa parte dos cidadãos mogianos, não punha fé no PMDB e
embarcou numa canoa furada, completando como um dos vereadores, a chapa da
ARENA:
Governador - Reinaldo de Barros
Senador - Adhemar de Barros Filho
Deputado Federal - Estevam Galvão
Deputado Estadual - Mauricio Najar
Prefeito – Junji Abe
Numa reviravolta de última hora o candidato a prefeito
Waltely passou a vice e seu vice o Dr. Antônio Carlos Machado Teixeira a
candidato a prefeito que, numa disputa acirrada, surpreendeu e foi eleito, mais
pelo prestígio de Franco Montoro e do voto vinculado, do que por si mesmo.
A chapa conseguiu eleger senador, deputado federal e
deputado estadual.
O novo prefeito era o candidato apoiado pela Elgin então,
obviamente, meu marido perdeu a eleição, o emprego e por algum tempo o
entusiasmo pela política. Era hora de correr atrás do prejuízo.
Notas:
(1) A cédula
era a que aparece na foto.
(2) Recorri à
memória e à internet para escrever. Possíveis falhas, me corrijam por favor. Lá
se vão 38 anos...
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