quarta-feira, 23 de setembro de 2020

MEU PASSADO ME CONDENA

                             Houve um tempo em que morei em Mogi das Cruzes. 

                        Dessa época quero deixar aqui minhas memórias

Eleições chegando, época do salve-se quem puder e como puder  e eis que com tanta motivação,  lembrei-me de fatos  de outra eleição, esta nos anos 70, que não me causam orgulho .

Era época de campanha política e, em Mogi como em qualquer lugar deste imenso Brasil, época do “vale tudo” pra se eleger ou reeleger.


Era voluntária numa comunidade (“comunidade” não era como hoje, uma palavra para definir de forma  politicamente correta uma “favela”, que nem por isso deixa de ser “favela”), como dizia, era voluntária  e tinha acesso a diversas pessoas  carentes ( como se falava naquela época), isto é, “menos favorecidas”. Pra falar a verdade ainda prefiro o termo “carentes”, pois são pessoas que realmente carecem de bens de consumo e serviços. Não gosto de “menos favorecidas”, pois dá a falsa impressão de que são favorecidas em alguma coisa. Afff... Mas voltemos ao que interessa.

Atuava com muita gente e como tal interessava aos candidatos para que os promovesse junto aos assistidos, não citarei nomes, apenas fatos, assim tive à minha disposição para esquentar a campanha de um candidato, diversas vantagens que poderiam ser usadas a meu critério, EM NOME DO CANDIDATO. Próteses dentárias, fotos para documentos, emissão de certidão de nascimento, condução para ir ao cartório eleitoral para tirar o título, etc, tudo bancado pelo candidato por meio de VALES assinados pelos apoiadores. Não era mais costume dar um pé de bota ou metade de uma nota de $$ antes da eleição e só formar o par depois se o candidato fosse eleito. Ainda bem!

Vendo de um lado os “menos favorecidos”, só lembrados em épocas de campanha eleitoral e de outro tantas oportunidades de ajudá-los, cai em tentação e assumi a máxima de que “os fins justificam os meios” (erroneamente atribuída a Maquiavel, não é isso que ele quer dizer na obra “O Príncipe”) e meti o pé na jaca como dizem hoje em dia.

Eu entregava o vale à pessoa, orientava como proceder, mas nunca, nunca mesmo, disse vote em FULANO ou SICRANO (uma pequena omissão), bem como nunca usei de vantagens em proveito próprio. 
Desonesto, antiético, amoral... Tudo isso e mais um pouco. Mea culpa! Mea culpa! Mea maxima culpa!

Como disse no início, não me orgulho disso. Como cristã jamais poderia agir dessa forma, mas não me arrependo de tê-lo feito. No curral eleitoral vigente, isso nada mais era do que “dançar conforme a música”, sem prejudicar ninguém a não ser o próprio candidato que não deveria, como não devem os de hoje, “comprar votos”, e que foi eleito na ocasião.

Em compensação, o sorriso das mulheres ficou mais bonito, crianças foram registradas, documentação de muita gente foi atualizada e fotos 3x4 para documentos feitas a rodo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita. E por favor, deixe seu nome para que possa agradecer individualmente.