A ação foi rápida. Pouco mais de quinze minutos.
Por volta das vinte horas, o bar da esquina estava repleto de fregueses. Homens que trabalham nas redondezas, outros moradores do bairro, enfim, o mesmo grupo que todos os dias a essa hora se reúne para um lanche, beber um pouco e jogar conversa fora.
Nesse dia em especial tinham muito a conversar. A seleção brasileira de futebol, após um jogo difícil, vencera o time da Suécia e conseguira se classificar para as oitavas de final daquela copa de 1994.
De repente, dois homens estranhos entram no estabelecimento, apontam armas para o caixa e exigem que lhes entregue a féria do dia. Tudo rápido, sem que ninguém perceba.
Os fregueses só se dão conta do que está acontecendo, quando após dois estampidos surdos, um corpo tomba ao chão e o sangue começa a se espalhar por baixo das mesas misturando-se com a cerveja derramada.
Correria, gritos, pânico.
Um homem corre desabaladamente pela rua, arma em punho e antes que chegue à esquina é interceptado por uma viatura policial que saiu não se sabe de onde. Tenta reagir, é atingido e tomba já sem vida.
A esquina parece uma praça de guerra. Várias viaturas com refletores girando luzes vermelhas e azuis projetam reflexos nos edifícios em volta, dando um ar de comemoração da recente vitória da nossa seleção.
Uma pequena multidão curiosa tenta se aproximar mais do que é permitido.
Policiais agitados fazem as anotações de praxe à medida que conversam com as testemunhas presentes. Sem mais delongas os corpos são removidos e colocados em viaturas especiais que disparam pela noite adentro com as sirenes ligadas.
Em poucos minutos todos se afastam. As portas do bar se fecham e só o que se vê é a espuma de sabão retinta de sangue escorrer por debaixo, manchando a calçada em frente.
Dois assaltantes foram mortos. Um pelo dono do estabelecimento, outro, pela polícia.
E a vida continua como na programação de TV, basta apertar um botão e estamos sintonizados em outra realidade.
Ué... e a paz, aonde fica????
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