
Odiava todo e qualquer ser vivo que não fosse gente. Diziam que quando pequeno, galinhas e patos roubavam-lhe a comida e quando reagia caíam de bicadas em cima dele. Era um caso para terapia animal ou para o “encantador de cães”.
Se escapava era certo matar alguma galinha, nossa ou da vizinhança. Certa vez atacou o carneiro que o vizinho criava para o Natal, quer dizer, comeu sua fatia adiantado.
No quintal, além das galinhas, tínhamos lebres. Ganhamos um casal e num instante era um

Certo domingo de Páscoa, lá pela década de 50, após festejar os ovinhos de chocolate encontrados nos ninhos preparados na véspera – acreditávamos em Coelho da Páscoa – fomos como de costume para o quintal. A cena era chocante: uma das lebres, um macho, jazia estraçalhado bem em frente à porta da cozinha. Foi a gota d´água para meu avô sacrificar o cachorro. Não sei o que mais nos chocou, se a morte do coelho ou a do cachorro, que apesar de tudo amávamos.
Imagino que para o meu avô, legítimo descendente de suiços, “justo sem miseriórdia”, como me definiu um terapeuta, foi extremamente difícil tomar aquela atitude, e ainda me lembro dele calado, expressão dura na face, enquanto enterrava o pobre animal.
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