domingo, 17 de abril de 2011

Como não lembrar?



Recebi por email a imagem ao lado, com a recomendação do remetente, Carlos Lotito, dono do site Bonapetite & Cia, “finja que não lembra”. Como não lembrar se não tínhamos aparelho de TV, um luxo na época, e pegávamos carona na televizinha, a dona Meireles, bondade em pessoa, que não podia deixar as meninas da dona Maria sem ver o Cirquinho do Arrelia aos domingos e as lutas livres da Record nas noites de sábado?


Como não lembrar, se “recordar é viver”, se conheci ao vivo e em cores alguns personagens daquela época e ainda há pouco, não mais que um ano, acompanhei os últimos dias de vida do Dino, um dos lutadores contemporâneo do Ted Boy Marino, Fanthomas, Indio? Últimos sofridos e solitários dias...


Se assisti ao Repórter Esso bem mais tarde e lembrei do meu avô colado ao rádio ouvindo as últimas notícias da Guerra na Coréia do mesmo noticiário na versão radiofônica? Se a melhor novela que assisti foi "Beto Rockfeller", na PRF3 TV Tupy? Não assisto novelas há décadas, considero desperdício de tempo, como aliás considero também a maioria da programação televisiva .


Se ainda tenho gravada na memória a imagem de meus filhos espalhados pelo tapete da ampla sala, em Mogi das Cruzes, assistindo Speed Racer, Ultraman e Ultraseven, cujo tema musical de abertura as crianças cantavam em japonês? Como fingir que não lembro?


Como não lembrar se morei no mesmo prédio que Jane Batista, garota propaganda da PRF3 – TV Tupy, “a bonequinha do Brasil”, contemporânea de Clarice Amaral e Neide Alexandre? Dividia com ela a garagem do condomínio e sempre uma de nós tinha que tirar o carro pra outra sair. Ela era então assessora de imprensa de um deputado, trabalhava na Assembléia e colaborava com um jornal de bairro. Seu nome verdadeiro era outro, não vou contar. O carro, um fusquinha branco, amassado de todos os lados era a vítima em potencial de todos os motoristas “barbeiros” da cidade.


Faça-me o favor Lotito, não peça para fazer de conta que não lembro! Se revelar ou melhor assumir a idade é o preço que devo pagar por não concordar com você, faço-o com gosto, com a satisfação de ter vivido em São Paulo , o nascimento da primeira rede de televisão não só do Brasil , mas da América Latina. Pago o preço e agradeço por ter me proporcionado neste final de Domingo de Ramos a possibilidade de tantas e gratas lembranças. Obrigada!

3 comentários:

  1. Amiga Lídia

    É sempre essa a intenção das minhas provocações e quanto a lembrar, parece que vou um pouco mais adiante.
    Vejo meus Pais preocupados ouvindo as 'últimas' da segunda guerra na Europa grudados em um rádio que parecia um móvel, desconfiando das falas em inglês entre chiados e o modular das ondas curtas......

    Talvez seja esta a solitária vantagem de ter vivido a história e ainda estar fuçando por aqui.

    Abraço e repito os parabéns pelo blog e principalmente pelos textos.
    O doce de cidra seguramente vai pro Bonapetite.

    Lotito

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  2. Pois é, Lotito, o rádio dos meus avós era um daqueles em estilo capelinha, bem grande - uma relíquia - que ficava sobre um movél que herdei, restaurei e conservo comigo. Quanto ao rádio não sei o que aconteceu com ele, do jeito que meu avô era desapegado, pode até ter jogado fora. Obrgada pelo comentário, é muito bom receber o incentivo dos amigos.
    Abraço
    Lidia

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  3. Quando as estações de TV saíam do ar, geralmente por volta da meia noite, elas exibiam uma tela com barras coloridas na vertical durante alguns minutos, logo nos primórdios da TV colorida. Lembra-se? Dizia-se que era para que os técnicos de TV regulassem a cor dos aparelhos que estivessem em revisão... Hê-hê-hê

    Camilo Roberto
    Rio Preto (SP)

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